A PRÁTICA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SUA RELAÇÃO COM AS MATRIZES REFERENCIAIS DO EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO (ENEM)

Abstract

Esta pesquisa tem por objetivo aproximar a prática do professor de Filosofia em sala de aula com as matrizes referenciais oficiais que dão origem ao Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, assim como compreender analiticamente os itens apresentados neste exame, como uma oportunidade fundamental para aperfeiçoar a sua didática e seu método avaliativo. Considerar as exigências formais e pedagógicas do ensino de Filosofia, sem perder a especificidade do conhecimento filosófico, também é a intenção do presente trabalho. Nesta perspectiva, o ENEM é meio condicional possível para o ato filosófico, que é a finalidade do ensino da Filosofia no Ensino Médio. Para a realização de tal intento, dividiu-se a pesquisa em duas partes: uma teórico-crítica e outra prática-propositiva. De início, apresenta-se um histórico de documentos oficiais, nos quais os conteúdos de Filosofia foram apresentados como elemento curricular e, em seguida, um detalhamento sobre o método de elaboração dos itens do ENEM. Encerrando a primeira parte, o “coração” da pesquisa apresenta uma concepção filosófica do ensino de Filosofia: se o seu ensino é possível, se o que se ensina são possíveis “objetos” de conhecimento (conteúdos programáticos) ou uma postura filosófica diante da realidade. A perspectiva mais comum diante dos autores utilizados como referências bibliográficas é a de um ensino de filosofia com base na tríade histórico-temático-problematizadora. No que diz respeito ao ENEM, o processo de formulação de itens objetivos de avaliação com base nas matrizes referenciais, é condição ímpar para o processo de reflexão sistemática e profunda, uma vez que é necessário estabelecer conexões entre as competências e habilidades (descritores) e possíveis temas e problematizações realizados ao longo da história do pensamento filosófico. Também se propõe um processo avaliativo no qual os estudantes analisem os itens após a sua aplicação e que a correção dos mesmos também seja um momento intenso de apreensão de conceitos filosóficos. Na segunda parte do trabalho, há uma análise de itens de Filosofia nas edições do ENEM de 2017 e 2018, em um quadro analítico à luz precursora de Daniela Comiram, que fizera a mesma análise com edições anteriores do exame. E, por fim, são propostos itens elaborados a partir da Base Nacional Comum Curricular, como sugestão docentes da área de Ciências Humanas, em especial do componente curricular da Filosofia.