LITERATURA E HISTÓRIA: O USO DO CONTO “NEGRINHA” COMO FONTE NO ENSINO DE HISTÓRIA

Abstract

O objetivo desta pesquisa é explorar a relação entre Literatura e História e sua contribuição para o ensino de História. Ao abordar um tema, o historiador pode utilizar obras literárias como fonte, facilitando a compreensão do contexto histórico. Afinal, a literatura reflete as experiências humanas ao longo do tempo, as intenções e a forma como as pessoas percebem as mudanças no mundo, ela instiga questionamentos e inquietações que se conectam com a memória e a construção da narrativa histórica. Dessa forma, ao observar as dificuldades dos alunos em assimilar certos tópicos da grade curricular, decidiu-se trabalhar em sala o conto "Negrinha", de Monteiro Lobato, juntamente com o conteúdo sobre movimentos sociais (os negros no pós-abolição). Apesar das críticas às obras de Lobato, "Negrinha" oferece reflexões significativas sobre racismo, violência contra crianças e mulheres, abuso do trabalho infantil e abuso de poder. A Lei 10.639/2003, sancionada em 9 de janeiro de 2003, alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), tornando obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio, públicas e privadas. A Lei 11.645/2008 complementou a Lei 10.639/2003, incluindo também a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Indígena no currículo escolar. Essas leis são marcos importantes para a educação no Brasil, pois visam incluir a história e cultura de grupos historicamente marginalizados no currículo escolar, promovendo a valorização da diversidade cultural e a luta contra o preconceito racial. Ao abordar os movimentos sociais e "os negros no pós-abolição", refletimos sobre a trajetória de lutas e conquistas que transformaram uma geração em busca de uma sociedade mais justa. Nesse sentido, dar voz aos historicamente invisibilizados é fundamental para compreender e valorizar a diversidade cultural e social do Brasil. Foi adotada a prática de aulas-oficinas. Esta prática, conforme preconizada pela historiadora Isabel Barca no texto "Aula Oficina: do Projeto à Avaliação", publicado nas Actas das Quartas Jornadas de Educação Histórica realizadas em Portugal em 2004, envolveu a exploração do conteúdo pelos alunos através de leituras e anotações durante as aulas. A fundamentação teórica incluiu leituras de Roger Chartier, Jorn Rusen, Philippe Ariés, Eliane Mimesse Prado, Ailton José Morelli, entre outros autores. A pesquisa utilizou métodos empíricos, como questionários com dados gráficos. Posteriormente, realizou-se a leitura individual e coletiva do conto "Negrinha", incorporando metodologias ativas, como atividades em pares, rodas de conversa, compartilhamento das ideias, utilização da ferramenta Jamboard, criação de vídeos e podcasts, onde os estudantes expressaram suas reflexões sobre o conteúdo apresentado. Eles participaram ativamente, demonstrando indignação diante da situação vivida pela personagem e inquietações sobre as adversidades enfrentadas por crianças, especialmente aquelas que são mulheres e negras. Portanto, ao utilizar a literatura como ferramenta educativa no ensino de História, proporcionamos uma compreensão mais profunda e empática das complexidades do passado e suas conexões com o presente.