A MITOLOGIA DOS ORIXÁS: O Candomblé em sala de aula através das Histórias em Quadrinhos

Abstract

Este trabalho teve como objeto de pesquisa a religião afro-brasileira do Candomblé e a mitologia dos orixás como temas centrais de análise. O objetivo consistiu em analisar as contribuições das histórias em quadrinhos para o fomento do conhecimento histórico sobre o Candomblé em sala de aula. Na metodologia, evidenciamos os diálogos estabelecidos com o

método da observação participante, conforme Laville e Dionne (1999), e com o modelo de aula- oficina proposto por Barca (2006). A análise da HQ O Conto dos Orixás, de autoria do

desenhista e quadrinista baiano Hugo Canuto, proporcionou o conhecimento de importantes características da religiosidade e da cultura afro-brasileira, permitindo a reflexão sobre aspectos a elas pertinentes no tempo presente, ressignificando conceitos e combatendo preconceitos. Ainda em nosso percurso metodológico, realizamos quatro aulas-oficina com alunos do Ensino Médio, as quais consistiram em encontros compostos por um intenso repertório de atividades, envolvendo aplicação de questionários, rodas de conversa e interpretação dos dados obtidos ao longo dos encontros. Nossa ação pedagógica, orientada pela valorização e habilitação das histórias em quadrinhos como fontes de saber, inseriu-se nas perspectivas que defendem a utilização de novas linguagens no ensino de História, além de favorecer a inclusão de diferentes formas de aprendizagem, respeitando os diversos perfis de educandos. A estética visual e narrativa das HQs, associada ao modelo de aulas-oficina e aos métodos de análise adotados, contribuiu para a promoção do conhecimento histórico, mediante o engajamento, a participação ativa e o protagonismo dos alunos. Tal processo resultou não apenas na aprendizagem acerca do Candomblé e da religiosidade afro-brasileira, mas também na promoção do respeito à diversidade religiosa em sala de aula e na sensibilização para a importância de compreender e respeitar as diferentes manifestações religiosas e culturais. Além da HQ O Conto dos Orixás, utilizamos como fontes de análise o Código Penal Brasileiro de 1890 e jornais baianos da década de 1920. Nesse percurso, dialogamos, em especial, com os seguintes teóricos: Isabel Barca (2006), François Hartog (2019) e Roger Chartier (2002). Espera-se que este trabalho contribua para o conhecimento sobre as religiões afro-brasileiras, em especial o Candomblé, e forneça estratégias que possibilitem sua abordagem nas salas de aula de História, destacando, entre elas, o uso das histórias em quadrinhos.