Meu nome não é Offred: enlaces e representações femininas entre a História e a Literatura em O Conto da Aia

Abstract

Os sussurros e ruídos que permearam por muito tempo as relações das mulheres na História foram vencidos pelos gritos de resistência que não pediram passagem, rasgaram a tessitura de uma História que se fazia masculina, mas que estava repleta de personagens complexas, fortes, nada frágeis; personagens essas que se recusaram a calar-se. Assim, o campo de pesquisa da História das Mulheres e das Relações de Gênero tem demonstrado sua importância e necessidade, ampliando cada vez mais seus estudos e atuação. O presente trabalho propõe, dentro dessa perspectiva, analisar a participação das mulheres em dois temas presentes nos estudos de História: o ideial de mulher no Brasil Colonial (XVI-XIX) e a Segunda Onda do feminismo (1960). Esses dois temas serão discutidos recorrendo a um diálogo com a literatura no ensino de História. A obra literária utilizada é O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale), de Margaret Atwood, que apresenta uma sociedade radicalmente hierarquizada, onde as mulheres já não possuem mais direitos e (sobre)vivem subalternamente aos homens. Ainda que ficcional, a obra permite refletir situações semelhantes vividas pelas mulheres na sociedade brasileira. Portanto, inspira-se no fato de que a literatura arranha, toca, sensibiliza e permite construir reflexões nas aulas de História. No ensino de História, vemos avançar essa discussão com professores/as e pesquisadores/as promovendo a inclusão das mulheres como agentes do processo histórico. Propomos a produção de sequências didáticas (SD) sobre os temas, utilizando a literatura como recurso didático. As SD são criadas e executadas tomando como referência o conceito de literacia histórica, de Peter Lee (2006). A proposta pedagógica é a análise das aplicações das SD a partir da etnografia escolar, com foco na observação participante.