Entre Sarjetas: Lanceiros negros na Guerra de Farrapos (1836-1844)

Abstract

O presente trabalho trata da participação de escravizados na Guerra de Farrapos (1835-1844), em um recorte histórico de 1836 a 1844, quando ocorreu a formação de grupos de infantaria compostos por negros, denominados de Lanceiros Negros, e que atuaram em favor dos reformistas republicanos contra as forças do Império do Brasil. O objetivo desse trabalho é contribuir para a construção de uma educação antirracista, contra o apagamento da luta pela liberdade dos escravizados em acontecimentos históricos laureados em livros didáticos, nos meios de comunicação e na memória histórica nacional. Para a análise das questões étnicoraciais e do tratamento dado à Guerra do Farrapos no Ensino de História, foram utilizados documentos como a Base Nacional Comum Curricular e os parâmetros curriculares dos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Após a análise sobre regulação do ensino federal e dos estados citados, foi realizada a pesquisa imagética, o que possibilitou a identificação da pintura Lancero de la época de Rivera, de Juan Manuel Blanes, como um ícone para a representação dos lanceiros negros rio-grandenses, consagrado em blogs e redes sociais de integrantes de movimentos negros no Brasil. Por outro lado, foi possível confirmar o apagamento dos lanceiros negros na história tradicional do Rio Grande do Sul, incluindo as produções culturais, o que pôde ser verificado na história em quadrinhos Guerra de Farrapos (1982). O resultado da pesquisa manifesta-se na forma de uma narrativa gráfica, especificamente como uma história em quadrinhos, que apresenta os lanceiros negros, seus motivos de participarem da guerra e as características que envolvem esses indivíduos na História sul-rio-grandense.