Representações do humor político na revista Fradim sobre a ditadura militar (1976-1978): o ensino de história através dos quadrinhos de Henfil

Abstract

O golpe que depôs o presidente João Goulart no ano de 1964 contou com um amplo respaldo da imprensa brasileira. Mesmo após a consolidação da ditadura, boa parte dos meios de comunicação atuou no intuito de legitimar o regime, ainda que em determinados momentos esses mesmos meios fizessem oposição a práticas dos governos militares que os afetassem diretamente, como era o caso da censura a alguns veículos midiáticos. Contudo, nem toda a mídia deu anuência à ditadura. Jornalistas engajados na luta contra o autoritarismo e que tinham ligações com organizações revolucionárias de esquerda criaram uma imprensa alternativa à postura de complacência da mídia hegemônica. Assim, abria-se um espaço de resistência contra o regime dos generais. Henrique de Souza Filho, o Henfil, foi um desses jornalistas que atuaram no combate à política dos presidentes militares. Seus quadrinhos publicados na revista Fradim foram um meio utilizado pelo cartunista para denunciar a violência do governo ditatorial e o conservadorismo de parte da sociedade brasileira através do humor e podem ser interpretados como fontes históricas representativas desse contexto e dos conflitos que envolviam os grupos que lutavam contra a ordem imposta pelos quartéis. Compreender as representações do humor político da obra henfiliana como uma forma de contestação à ordem instituída a partir de 1964 e ao moralismo conservador de uma parcela da população brasileira é o objetivo do presente estudo. Ademais, tendo em vista que um dos intuitos desta pesquisa também é fornecer subsídios aos professores e às professoras de História em suas aulas, o resultado do trabalho foi a produção de um material didático contendo textos e propostas de atividades com base na análise de tiras em quadrinhos encontradas na revista de Henfil.