História local como conteúdo de ensino: experiências a partir da memória de ribeirinhos da cidade de Conceição do Araguaia- PA

Abstract

Esta pesquisa tem o objetivo de apresentar uma versão “outra” da história de Conceição do Araguaia – Pará, alternativa para o trabalho com ensino de história local. Uma história que não priorize o viés político, oficial e eurocentrado, mas versões contadas pelos próprios moradores da cidade, neste caso os ribeirinhos. A partir da análise e problematização da historiografia local, foi possível compreender a existência de uma abordagem caracterizada pelo predomínio de uma história que possui um víeis colonialista e romântico. Alternativo a isso, foram produzidas narrativas, com base na memória de ribeirinhos, invisibilizados pelos escritos de história local, como proposta para um Ensino de História Local que dialogue com o Pensamento Decolonial. Usando a metodologia da história oral, foram realizadas entrevistas sobre história de vida, com 4 moradores ribeirinhos do bairro Tancredo Neves, onde a escola Professor José Wilson Pereira Leite, lócus da pesquisa, está inserida. As memórias desses ribeirinhos, foram analisadas pelos estudantes do 2º ano do Ensino Médio, que após 15 oficinas, onde estudaram, debateram e desenvolveram produções sobre temas relacionados a história local. Os alunos participantes da pesquisa divididos em 4 grupos, que a partir da entrevista e transcrição das mesmas, produziram biografias dos ribeirinhos. Em seguida esses grupos apresentaram para a comunidade escolar, na noite cultural, o trabalho desenvolvido em sala. As biografias, bem como a sequência didática e outras informações sobre a cidade, foram reunidas em uma cartilha, o produto didático desta pesquisa, que ficará à disposição da comunidade na biblioteca da unidade de ensino. Cada ribeirinho participante da pesquisa também receberá uma cópia, para que tenha acesso ao resultado do trabalho. Acreditamos que é possível pensar e fazer ensino de história local, no contexto da educação básica, que seja espaço de reconhecimento de si pelos próprios sujeitos que participam desse processo e construir assim um ensino de história com sentido e significado para além dos dados das avaliações externas.