DICIOSINALÁRIO DE CONCEITOS HISTÓRICOS: uma perspectiva inclusiva de abordagem metodológica no ensino de História para surdos e ouvintes

Abstract

Este trabalho teve como objetivo analisar a promoção de momentos inclusivos na sala de aula regular do Ensino de História, visando elaborar um Diciosinalário de Conceitos Históricos através do trabalho colaborativo entre docentes da sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE), docente da sala regular, intérprete em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e estudantes surdos e ouvintes, em conformidade com a legislação vigente. A problemática central da pesquisa foi formulada a partir da seguinte questão: "Partindo dos pressupostos teóricos e das bases legais que norteiam a educação brasileira e a política de inclusão escolar, como promover espaços de aprendizagem, no âmbito do componente curricular de História, entre estudantes surdos e ouvintes?". O campo de pesquisa foi a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dom Moisés Coêlho, em Cajazeiras/PB, especialmente nas aulas de História da 3ª série do ensino médio. A metodologia adotada foi a pesquisa-ação para coleta e análise de dados, enquanto em sala de aula foram aplicadas as metodologias ativas, com ênfase na sala de aula invertida, para a implementação do produto. Trabalhamos com a perspectiva de Ramos (2010), Mantoan (2011, 2015), Crochik (2012), Gonçalves e Furtado (2015) como aporte para afirmar que a inclusão escolar não pode ser vista como um processo isolado e de responsabilidade única de professores que atuam nas salas de AEE. Quanto à surdez e seu universo, foram consideradas as abordagens de Castro Júnior (2015) e Braga Júnior e Bedaque (2015), além dos documentos legais, para que possamos compreender mais sobre a temática e fomentar a nossa perspectiva de trabalho frente ao Diciosinalário de Conceitos Históricos. Para além desse arcabouço teórico no campo da inclusão, evocamos pensadores do ensino de História, tais como Cerri (2001), Marrera e Souza (2013), Boschi (2007), Barca (2001) e Rüsen (2006), que dialoga conosco sobre consciência histórica e aprendizagem histórica, tópicos importantes para a compreensão do ensino de História na contemporaneidade, partindo como premissa a filosofia de Paulo Freire (1996 que nos convida a pensar o estudante como sujeito que já vem para a escola com saberes inerentes à sua realidade e que, na escola, é convidado a realizar o processo de soma entre o que ele já sabe (sua visão de mundo) e o que a escola tem a ensinar (saberes escolarizados), assim como os conceitos de metodologias ativas, a partir do diálogo com Diesel, Baldez e Martins (2017), Bannel [et.al] (2016), Pedro Demo (2006) e Filatro e Cavalcanti (2018), com ênfase em Bergmann e Sans (2018) – autores da perspectiva da sala de aula invertida. A nossa perspectiva é somar tais concepções à aprendizagem significativa de Ausubel (1980), bem como no que tange à história conceitual, possibilitando-nos enveredar na sua utilização no ensino de História: Koselleck (1992, 2004) e Barros (2021). As ações propostas nessa pesquisa visaram não apenas proporcionar momentos de ensino inclusivo e bilíngue em sala de aula, mas também estimular o protagonismo dos estudantes (surdos e ouvintes), promovendo uma consciência histórica que reconheceu o lugar de fala de cada um diante dos saberes históricos presentes no currículo.