O poder da representatividade: os livros didáticos de História e as lutas femininas

Abstract

Uma das preocupações centrais que movem a presente pesquisa é a inquietante desarmonia entre as renovações historiográficas produzidas nas últimas décadas nos meios acadêmicos e o persistente papel coadjuvante que é atribuído à história das mulheres nos livros didáticos de História. Para constatar tal circunstância, fez-se uso da teoria das Representações Sociais, amparadas essas nos estudos de Serge Moscovici e nas discussões sobre a História das mulheres/gênero nas obras de Joan Scott. No aspecto metodológico, fez-se uso da análise de conteúdo através do aporte teórico de Laurence Bardin, com enfoque em análises quanti-qualitativas. Na perspectiva quantitativa focou-se no número total de imagens inseridas nesses materiais e através da frequência dessas, construiu-se análises comparativas e problematizações sobre o protagonismos atribuídos a homens e mulheres nos materiais didáticos. No viés qualitativo foram considerados os capítulos/textos que discutiram sobre as lutas das mulheres no transcorrer do século XX com enfoque na História global, levando-se em consideração conteúdos referentes à História Contemporânea, ou seja, livros da 8a série e 9o ano, respectivamente. As fontes históricas selecionadas foram livros didáticos circulantes em espaços escolares nos anos de 2002 e 2020. O critério de escolha das coleções analisadas se deu através daquelas com expressiva circulação nos meios escolares, sendo isso constatado através da compra de exemplares de cada coleção pelo (FNDE) e a disponibilidade desses para a execução da presente pesquisa. Constatou-se com a análise dos dados um aumento do numero de imagens femininas nos livros didáticos de uma década para outra, assim como de conteúdos sobre a história das mulheres, porém muito aquém das inovações historiográficas dos últimos anos.