“MULHER TAMBÉM FAZ CORDEL!”: UMA ABORDAGEM HISTORIOGRÁFICA SOBRE AS MULHERES NO ENSINO DE HISTÓRIA

Abstract

O presente trabalho propõe um diálogo entre ensino de história, história das mulheres e literatura de cordel. No qual pretendemos discutir acerca das narrativas apresentadas na literatura de cordel sobre as mulheres a fim de propor a elaboração de um material didático para o ensino básico. A escrita historiográfica que aborda a história das mulheres é bastante recente, pois, devido ao caráter positivista do século XIX, a história elencava somente as grandes figuras masculinas do meio público. Através do surgimento dos movimentos feministas, entre 1960 e 1970 e, em seguida, das renovações historiográficas, a história das mulheres começaram a ser discutidas no meio acadêmico e social. A literatura de cordel também apresenta uma forte marca masculina em sua trajetória, pois, os primeiros cordelistas eram predominantemente homens. Numa sociedade marcada pelo patriarcalismo, como era o Nordeste entre os séculos XIX e XX, período do desenvolvimento destas produções na localidade, escrever e, principalmente, vender folhetos de cordéis não era “coisa de mulher”. As primeiras escritoras de folhetos usaram pseudônimos para poder escreverem seus versos. Com o passar dos anos, elas foram escrevendo e aparecendo cada vez mais, devido as mudanças sociais e políticas que foram favorecendo a presença da mulher no espaço público. Pretendendo trazer essas discussões para a nossa região caririense, escolhemos os cordéis da cordelista Salete Maria da Silva que tematizam situações histórico-sociais vivenciadas pelas mulheres cotidianamente e, por ser uma pauta contemporânea, é pertinente a sua discussão no ambiente escolar. Além disso, estas circunstâncias experienciadas pelas mulheres na atualidade remontam a condições históricas nascidas no passado, por isso a relevância do diálogo com a historiografia.