Atores (in)visíveis: a população do campo no ensino de História

Abstract

O Brasil, dentro do quadro do capitalismo global, representou desde o início da sua história, na modernidade, uma estrutura socioeconômica constituída e organizada cuja função era a de fornecedor de produtos do setor primário. Para isto, as formas de controle e exploração do trabalho foram desenvolvidas internamente, a escravidão, a servidão, a pequena produção mercantil, a reciprocidade e o salário. O desenvolvimento do país foi produto da expansão e transformação desse setor primário-exportador através do modelo de substituição de importações e, até os dias de hoje, o mesmo se encontra nos quadros de um grande fornecedor de matérias-primas para o capitalismo global. No entanto, quando se está em sala de aula, pouco se fala sobre as populações do campo, como se estas fizessem parte dos bastidores dessa história. Suas trajetórias e lutas por direitos não possuem visibilidade no ensino de história, uma vez que o conteúdo é especialmente focado numa história econômica ou sob o olhar das relações político-administrativas. Esta pesquisa tem a intenção de, a partir do uso de fontes, levar um material para professores da rede básica para que possam tratar no ensino de história sobre a população do campo no Brasil, com um recorte múltiplo sobre os atores que vivem no mundo rural. Propôs, assim, elaborar cinco cadernos didáticos (produto anexo ao texto dissertativo), com alguns dos atores sociais do campo brasileiro. Ao longo do produto desenvolvido, um pouco das suas histórias de luta pela transformação de sua realidade e da realidade brasileira são trazidas aos professores da rede básica, bem como sugestões de outros atores para se trabalhar em sala de aula. Esse trabalho final entende, que a educação e a questão escolar, bem como os conteúdos escolares, estão no escopo dos objetos de disputa dentro da sociedade capitalista, dada a sua divisão em classes com interesses opostos.