Proposta Brincadeiras Musicais: os sons do silêncio

Abstract

O uso de brincadeiras musicais possibilita a exploração de diversas formas de ensino-aprendizagem, que podem levar a criança em fase de alfabetização a compreender, ouvir e sentir o mundo a partir de linguagens diferentes da tradicional, com possibilidade de ampliar e estimular a relação que estabelece com o ambiente que a cerca. Ouvir os sons do silêncio significa estar atento à sonoridade do ambiente do qual fazemos parte, para a partir dela criar situações de construção do conhecimento. Ao partir da premissa de que o estímulo ao pensamento crítico tem início no nascimento dos indivíduos, o estudo busca valorizar a importância do brincar e a ampliação do repertório linguístico infantil como instrumentos importantes na construção de sociedades culturalmente mais ricas. A disponibilidade de instrumentos musicais em aulas de música pode interferir no desenvolvimento dessa linguagem como expressão comunicativa, porém, não obrigatoriamente de forma negativa, visto que, nesse aspecto, a criatividade e a boa qualidade do brincar comumente exercem influência nos resultados alcançados. A interação lúdica com a natureza e sua diversidade sonora pode funcionar como um excelente instrumento de apoio na elaboração de ações que colaborem com o processo de alfabetização de crianças nessa fase do desenvolvimento. Este estudo foi elaborado dentro dos parâmetros de uma revisão bibliográfica sistemática, a partir da qual foram realizadas entrevistas semiestruturadas com professores que atuam no 1º e 2º anos do Ensino Fundamental de nove anos. Tais entrevistas possibilitaram o aprofundamento da compreensão do dia a dia em sala de aula e as dificuldades que o trabalho com música nas escolas enfrenta, na medida em que essa temática busca, cada vez mais, se distanciar do caráter recreativo e se estabelecer como linguagem com grande potencial pedagógico e didático. O objetivo da pesquisa se centrou no entendimento das contribuições que as brincadeiras musicais podem trazer para o processo de alfabetização de crianças que vivenciam essa fase do desenvolvimento cognitivo e adotou como referencial teórico conceitos apresentados por Kishimoto, Vygotsky, Emília Ferreiro e Murray Schafer. Como resultado, criou-se um protótipo de brincadeira, com base no conceito de paisagem sonora, que trouxe como proposta o estímulo à criatividade e à imaginação através da sonoridade dos ambientes externos e que utilizou a linguagem musical como instrumento auxiliar no processo de alfabetização. Concluiu-se ser oportuno que a aplicação de modelos estanques e pretensamente universais de ensino-aprendizagem seja repensada, pois a dinâmica da sociedade atual sugere a elaboração de propostas que dialoguem e cedam maior espaço ao uso de linguagens diferentes das tradicionais, tais como a musical, nos processos de construção do conhecimento, haja visto que elas podem desempenhar um importante papel na formação da pluralidade cultural dos indivíduos e estimular seu desenvolvimento cognitivo a partir de conceitos inseridos em sua própria realidade.