ABORDAGEM SOBRE VIOLÊNCIA DE GÊNERO NO ENSINO DE SOCIOLOGIA: quem se importa?

Abstract

Esta pesquisa tem como objeto de análise a preocupação com a abordagem sobre gênero/violência de gênero no ensino de Sociologia, buscando investigar qual o espaço destinado à abordagem dessa temática no âmbito da disciplina de Sociologia em uma escola de ensino médio da rede pública estadual localizada na cidade de Juazeiro – Bahia. Para tanto, busquei analisar teoricamente o sentido da abordagem sobre gênero/violência de gênero no ensino médio, especificamente no ensino de Sociologia, mostrando como essa temática pode colaborar para uma educação voltada para uma prática baseada na não-violência e no respeito à mulher e à diversidade de gênero; identificar como a temática gênero/violência de gênero é apresentada no currículo escolar da instituição pesquisada; e avaliar as concepções sobre gênero/violência de gênero entre as/os docentes de Sociologia e quais são as estratégias empregadas por elas/eles ao abordarem essa temática. O método de pesquisa que utilizei foi o estudo de caso, incluindo revisão bibliográfica, contemplando autores e autoras alinhados/as à teoria pós-estruturalista; pesquisa documental, incluindo a análise de documentos normativos e de livro didático; e aplicação de entrevistas semiestruturadas, tendo como participantes docentes da disciplina de Sociologia e integrante da gestão escolar. Para a análise dos dados recorri à análise de discurso, com adesão à base foucaultiana e suporte das teorias da analista Eni Orlandi. Diante disso, verifiquei que a escola pesquisada tem se mobilizado para a inserção da discussão sobre gênero/violência de gênero, com limitações; os instrumentos que constituem o currículo escolar sugerem a abordagem de conteúdos sobre gênero, porém sem enfatizar a questão da violência contra mulheres e a população LGBTQIA+; os professores e professoras estão atentos à importância da abordagem sobre gênero/violência de gênero, mas também acabam naturalizando, em alguns aspectos, essa violência. Assim, preconizo pela necessidade de formação específica em gênero para toda a comunidade escolar, além de uma revisão dos documentos e livros didáticos que figuram como aporte ao currículo. Acrescento que é imprescindível que a abordagem sobre as questões de gênero seja feita de forma a contemplar o conhecimento sobre todas as identidades de gênero, problematizando concepções que naturalizam comportamentos abusivos e atitudes que normatizam a violência de gênero.