ERGUER A VOZ: A LUTA E A CONSTRUÇÃO DE UMA NARRATIVA ANTIRRACISTA NO CONTEXTO ESCOLAR. POR UMA HISTÓRIA DAS MULHERES NEGRAS PROTAGONISTAS

Abstract

Partindo do pressuposto de que a luta antirracista é urgente e de que a escola tem muito a contribuir nessa luta, este trabalho buscou investigar de que forma o racismo está posto na sociedade brasileira que o mascara, por diversas vezes, utilizando um discurso de democracia racial. A partir de fontes escritas, imagéticas, orais, (como entrevistas coletadas em sítios eletrônicos, pinturas, revistas em quadrinhos, Leis, obras como Casa Grande e Senzala, programas de televisão, entre outros) foi possível analisar e perceber que devemos olhar com mais cuidado para os discursos que parecem naturais e, no entanto, propagam ideais racistas e machistas no ambiente escolar. Aqui buscamos desconstruir a ideia de democracia racial brasileira e chamar a atenção para o racismo estrutural presente no país, que faz com que as pessoas não brancas sejam inferiorizadas, subalternizadas, levando muitas a uma alienação da sua própria condição racial. Autores como Frantz Fanon, Grada Kilomba, Kabengele Munanga, Abdias do Nascimento, entre outros, nos ajudaram a perceber que a história oficial, os livros didáticos, a educação escolar, com seu olhar racista e machista, sempre tentaram apagar a enorme resistência protagonizada pelo povo negro, especialmente pelas mulheres negras. Os autores e os documentos nos ajudam a perceber o quanto as mulheres negras foram colocadas pela historiografia e pela sociedade como estereótipos de sexualização e, quanto mais retintas, mais discriminadas. Nessa pesquisa temos a intenção de mostrar por meio da análise de três HQ’s da Unesco da coleção “Mulheres na História da África” (HQs que contam a história ilustrada da Rainha Nzinga, de Sojourner Truth e de Wangari Maathai) também a história de vida de mulheres como a professora Diva Guimarães, bem como outras mulheres, que é possível construir uma narrativa positiva a respeito das pessoas negras, das mulheres e do continente africano. Nesse sentido, Cheikh Anta Diop contribui com a discussão por meio de sua pesquisa sobre matriarcado africano, nos ajudando a perceber que, para construir uma narrativa positiva sobre as pessoas negras, devemos lançar mão do conhecimento sobre a história do continente africano. Partimos da ideia de contra narrativa antirracista e antimachista que desconstrói os discursos vigentes e apresenta outra narrativa que mostra o protagonismo negro e feminino. Esse protagonismo feminino revela que as mulheres negras são sujeitos históricos participativos, que conseguiram muitas vitórias no meio em que estavam inseridas e reivindicaram, apesar de todas as adversidades, sua condição humana e seus direitos. Essa proposta de contra narrativa antirracista e antimachista contribui para que estudantes negros e mulheres tenham referenciais que possam ajudá-los (as) na construção da sua autoestima e de sua identidade racial de uma forma positiva. A força e a determinação presentes na história das mulheres negras constituem uma rica fonte de inspiração para o ensino de História e para a vida dos estudantes não brancos. Na verdade, uma inspiração para todos nós, pois, contribui para que possamos erguer nossa voz e lutar contra o racismo.