A FIGURA DO PÓS-HUMANO NO ENSINO DE FILOSOFIA

Abstract

A presente dissertação procura explorar a figura do pós-humano com o intuito de trazer suas temáticas como referencial teórico para aulas de Filosofia no Ensino Médio. Na sociedade em que vivemos, sob o desenvolvimento tecnológico e seus imperativos, nossa existência é atravessada pelas tecnologias. A produção da tecnociência nos coloca numa situação de completa simbiose, hibridação com aquilo de não-humano que compõe o ser humano – já não sabemos quem nós somos sem nossas máquinas, não sabemos onde termina o corpo e começa a máquina (e vice-versa). Assim, as tecnologias provocam desconstruções nas fronteiras metafísicas entre humano e não-humano, fazendo surgir um novo campo de exploração discursiva que indicam, na atualidade, uma ruptura no conceito de humano e uma passagem a uma nova formação: o pós-humano. Uma vez que a figura do pós-humano denota mudanças tão fundamentais na nossa sociedade, do ponto de vista do professor de Filosofia, encontramos nela um importante referencial teórico para problematizar com os alunos “o que somos nós hoje?”, pergunta fundamental para se construir um olhar crítico e uma postura ativa democraticamente. Então, a fim de mostrar a importância do pós-humano no currículo de Filosofia, esta dissertação se deu em três etapas, que configuram os três capítulos desta dissertação. Primeiro, procuramos construir a narrativa do pós-humano a partir do paradigma informacional cibernético. Observamos como o desenvolvimento tecnocientífico opera um borramento nas fronteiras metafísicas que definiam o ser humano, abrindo horizontes para que as produções discursivas constituíssem um novo campo de exploração: o pós-humano. Mobilizamos os discursos e enunciados do transhumanismo e do pós-humanismo para entender como o pós-humano se constitui como um transgressor de fronteiras, e como a figura é representada pela ficção científica de Ghost in the Shell (1995). Segundo, refletimos sobre o Ensino de Filosofia com o intuito de mostrar a importância da figura do pós-humano inserida neste contexto. Desta maneira trouxemos reflexões gerais sobre a Filosofia, sobre como ela se situa no contexto da educação escolar, e a importância do pós-humano para o processo de formação escolar. Terceiro, tendo reconstruído a narrativa do pós-humano e defendido sua importância para o Ensino de Filosofia, sugerimos uma abordagem do tema em sala de aula. Baseado na exibição de um trecho de Ghost in the Shell (1995), realizamos uma intervenção prática com os alunos do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), no qual debatemos sobre as temáticas do pós-humano a partir do filme. Notamos que os alunos trouxeram com entusiasmo suas contribuições para os debates, e suas argumentações expressavam uma percepção e sensibilização aos borramentos de fronteiras problematizados pelas tecnologias.

Tivemos nossas reflexões provocadas pelas transgressões de fronteiras que significa o pós- humano, e assim, possibilitamos na sala de aula um espaço de exercício do filosofar no qual

se refletiu sobre nossa atualidade tecnológica. Portanto, apontamos que a figura do pós- humano é de fato importante para o Ensino de Filosofia.