UM OUTRO OLHAR PARA SALA DE AULA DE MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

Abstract

Este material destina-se a professores que ensinam Matemática na Educação Básica e àqueles que se encontram em processo de formação inicial e que buscam reflexões acerca de(suas/nossas) práticas pedagógicas. Objetivamos que este guia seja um material de apoio para impulsionar possíveis transformações nas (suas/nossas) práticas pedagógicas, buscando incentivar um trabalho no viés da interdisciplinaridade, tendo em vista as questões balizadoras da literacia, numeracia e materacia, aproximando as rotinas da sala de aula com a realidade local dos alunos, tal como fora protagonizado por Patrick Geddes, biólogo, urbanista e filósofo escocês, considerado o pai da Educação Ambiental, conhecido por seu pensamento inovador nos campos do planejamento urbano e da educação – na defesa de que os alunos, orientados por nós, professores, devem ser estimulados a interagir com a realidade do seu ambiente, para que assim, possam desenvolver atitudes criativas em relação ao mesmo e, a nós professores, cabe a atuação como interlocutores de uma Educação que possa incorporar uma análise de realidades socioambientais em oposição àquelas em que o aluno é levado a não refletir a respeito das consequências dos seus atos (CHAVES, 2004). Nosso material é fruto de uma pesquisa de mestrado que deu origem à dissertação Produção de significado de professores do Ensino Fundamental ao adotarem textos de Malba Tahan, que desenvolvemos a partir das discussões no Grupo de Estudos e Pesquisas em Modelo dos Campos Semânticos e Educação Matemática - Gepemem e no curso de formação continuada para professores “Literacia, materacia e numeracia: produção de significados matemáticos como ferramentas de leitura do mundo a partir de textos de Malba Tahan”, que desenvolveram reflexões e práticas educativas, a partir de obras de Malba Tahan, à luz do Modelo dos Campos Semânticos, adaptando essas obras à cultura local. Nesse trabalho, as observações que fazemos – por exemplo, são sobre a importância de procurar sempre representar uma situação de várias maneiras, mostrando que não valorizamos “certo” ou “errado”, de acordo com nosso referencial que é o Modelo dos Campos Semânticos (MCS), mas maneiras de produzir significados diferentes para as enunciações de nossos alunos. Assim, esperamos que o leitor, ao mesmo tempo em que vai estudando e se aprofundando na parte mais técnica das ideias matemáticas, reflita a respeito de questões que se relacionam à prática pedagógica, sobretudo a (sua/nossa) sala de aula, colocando em movimento assim, a máxima ambientalista de que é preciso pensar globalmente, mas agir localmente. As atividades propostas buscam oferecer reflexões, mas podem ser levadas para a sala de aula, com novas adaptações, levando em consideração que a Matemática que apresentamos aqui é uma Matemática crítica, reflexiva, na qual o conteúdo não é um fim, mas um meio de possíveis leituras do mundo e, por isso, presente nas adaptações e reflexões das tarefas propostas. Algumas ideias matemáticas são contempladas em nosso guia, podemos citar: frações/números decimais; as quatro operações básicas; proporcionalidade e resolução de problemas. Não pretendemos esgotar as discussões e reflexões acerca das ideias matemáticas citadas, mas apresentar algumas enunciações de professores em formação continuada, que estão no chão da escola, procurando fazer a diferença na Educação pública brasileira.