A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA NA CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E EMANCIPAÇÃO DOS ALUNOS DE CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS AO NÍVEL MÉDIO

Abstract

O presente trabalho objetiva investigar a influência do ensino de filosofia para a construção da autonomia e emancipação dos alunos no âmbito do ensino médiotécnico, no contexto de um ensino voltado para as competências técnicas profissionais e mercadológicas. A pesquisa parte da premissa de que as referidas escolas possuem uma estrutura que visam prioritariamente o ensino técnico, ou seja, a preparação de uma mão de obra que se apresenta carente no mercado de trabalho, visto que uma grande parte da carga horária total é destinada a este fim. Apesar dessa “prioridade”, que não quer dizer “exclusividade”, é notório, na proposta curricular dos cursos, uma preocupação com a formação humana, cidadã e até existencial dos estudantes, devido à inclusão de disciplinas que possuem a função de levar até eles um conhecimento histórico, filosófico, político, social, artístico e literário, geralmente presentes nas disciplinas de ciências humanas. Porém, percebemos uma “marginalização” desta área do saber que, nas referidas instituições de ensino, atuam como coadjuvantes, não sendo reconhecida, muitas vezes, a sua devida importância. No caso específico da filosofia, dispõe de apenas uma hora/aula de cinquenta minutos, semanalmente, para desenvolver os seus conteúdos. Mesmo assim, queremos demostrar a possibilidade de formação na relação com um ensino de filosofia que propõe um ensino crítico, autônomo e emancipador dentro destes ambientes pensados para o desenvolvimentos das ciências pragmáticas. Veremos uma análise histórica da inserção do ensino profissionalizante no Brasil desde a colonização, destacando o papel excludente com que esta modalidade de ensino se configurou ao longo dos anos, ao formar uma cultura de subserviência. À luz do pensamento de Theodor Adorno, Max Horkheimer e de importantes comentadores, veremos como o capitalismo penetra nas entranhas dos indivíduos, ditando o ritmo de suas vidas, ações, pensamentos, moldando o modelo humano que mais adequa a esta lógica de coisificação. Como consequência temos o desvelamento de uma semi-formação e semi-cultura gerada pela intensificação do consumo das massas e da hipervalorização dos saberes práticos. Como saída, apontaremos para metodologias que promovam uma educação integral, incentivando a apreensão dos conteúdos que levem os estudantes a um pensar crítico, questionador, autônomo e emancipador. Observaremos como o ensino de filosofia pode contribuir para a formação da autonomia, emancipação dos estudantes. Apresentaremos pesquisas realizadas com alunos do ensino médio em nível técnico, a fim de demonstrar com dados e entrevistas, a efetividade da filosofia nesta modalidade de ensino. Descreveremos a metodologia utilizada bem como os resultados oriundos desta, para a formulação das considerações seguintes.