Por que ensinar sociologia na escola? Um estudo acerca do capital cultural familiar e o capital escolar de jovens no ensino médio

Abstract

Este trabalho versa sobre a relação entre o capital cultural familiar e o ensino de sociologia. A questão que norteia a investigação é a seguinte: Como o ensino de sociologia possibilita ou não o aprimoramento do capital escolar em diálogo com o capital cultural de origem (familiar) do estudante de ensino médio, ao ponto de colaborar para a formação crítica do educando? Nossa proposta foi de estudar discentes do primeiro ano da escola média em uma instituição de ensino público do Estado de Pernambuco, situada no município de Olinda, durante o ano letivo de 2019. Para percebermos como isso se manifestou, buscamos medir o conhecimento do educando em dois momentos: antes de começar a estudar sociologia (através de uma primeira prova realizada no início do primeiro ano do ensino médio, ou seja, antes de ter contato escolar com a disciplina) e ao final do primeiro ano letivo (com uma segunda prova, ou seja, após um ano letivo de estudo de sociologia). Nossa metodologia se baseou na abordagem qualitativa e quantitativa e teve como instrumentos de coleta de dados, além da realização de duas avaliações com questões objetivas e subjetivas, a aplicação de dois questionários socioeconômicos com o intuito de captarmos as informações ligadas ao capital cultural familiar e escolar dos discentes. A partir das questões subjetivas presentes nas duas provas, fizemos uma breve análise do discurso, a partir da elaboração de nuvens de palavras usando o programa Wordclouds para observarmos as narrativas dos educandos nos dois momentos - antes e após o primeiro ano do ensino de sociologia. Nosso interesse era avaliar a proficiência dos estudantes nas duas provas aplicadas antes e depois do contato com os estudos sociológicos e a relação desse desenvolvimento intelectual com o capital cultural de origem dos estudantes. Nossa base teórica teve como principais fundamentos os conceitos de capital cultural, campo e habitus desenvolvidos por Pierre Bourdieu (2001, 2007, 2008) e também nos baseamos em estudos desenvolvidos por Bernard Lahire (2003, 2004, 2012), Jessé Souza (2011) e Florestan Fernandes (1954). Verificamos ao longo do estudo que algumas informações presentes na teoria ganharam voz ativa a partir dos dados colhidos e analisados e compreendemos que o acúmulo de capital cultural familiar e escolar mais robusto fez diferença direta nos resultados alcançados pelos estudantes nas provas aplicadas.