O lugar da Sociologia no novo Ensino Médio: os impactos da BNCC para o ensino, currículo e integração curricular

Abstract

A proposta de Reforma do Ensino Médio, do Governo Federal, no ano de 2016, teve como justificativa seus resultados insatisfatórios para esta etapa da Educação Básica. Fazendo emergir a necessidade de discussão da matriz de seus argumentos, para as alterações profundas que propôs para o Ensino Médio com a alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional pela Lei 13.415/2017, bem como, da reestruturação, reorganização e formatação curricular e pedagógica e de seus objetivos, a partir da Base Nacional Comum Curricular e seus impactos para a continuidade e consolidação da Sociologia no Ensino Médio. Método: Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa. As fontes documentais foram a Lei 13.415/2017 e a BNCC confrontados com diversas versões da LDB9394/96 e outras fontes documentais oficiais que estruturam as bases e diretrizes da educação básica brasileira (leis, decretos, portarias, diretrizes, guias oficiais), produzidos entre 1996 a 2019. A análise documental articula-se aos conceitos sociológicos de habitus, campo, violência simbólica e arbitrário cultural em Bourdieu, para a interpretação da mesma. Resultados: Identificamos o campo educacional e escolar como um campo estruturado e estruturante, de reprodução de um arbitrário cultural dominante, naturalizado, no qual a Sociologia disputa e habita em constante fragilidade, sendo importante estabelecer e garantir sua continuidade, nesta reconfiguração que põe em risco sua continuidade. Sendo esta inclusive uma porta de possibilidade para o desvelamento do arbitrário cultural dominante, possibilitando, se não a mudança social, a explicitação desse arbitrário como violência simbólica. Conclusão: As motivações para a Reforma do Ensino Médio encarnam para além interesses epistemológicos, pedagógicos e educacionais, interesses econômicos e de reprodução social. Sendo importante garantir a força e significação da disciplina de Sociologia no campo escolar e educacional nesta nova configuração, garantindo a efetividade de seus objetos, sua identidade e singularidade como disciplina, campo e método de conhecimento.