JEROSY PUKU, A CERIMÔNIA DO MILHO BRANCO DOS KAIOWÁ DE MATO GROSSO DO SUL: ENSINO DE HISTÓRIA INDÍGENA E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL.

Abstract

Esta pesquisa tem como objetivo refletir sobre o ensino da História e cultura indígena e apresentar ações de Educação Patrimonial por meio da análise de uma manifestação cultural conhecida como Jerosy Puku, cerimônia do milho branco, praticada pelo povo indígena Kaiowá que vive na Terra Indígena Laranjeira Nhanderu e na Aldeia Guyra Kambi’y, localizadas, respectivamente nos municípios de Rio Brilhante e Douradina, estado de Mato Grosso do Sul. Tal temática vai ao encontro da Lei 11.645/2008, que estabeleceu a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura indígena nos currículos escolares e abriu caminhos para efetivação de ações relacionadas à Educação Patrimonial e diversidade. O milho, especialmente o milho branco ou milho saboró, é um importante alimento para os Kaiowá e seu consumo é efetivado somente após a celebração do Avatikyry (festa do milho). Para esse povo, este não serve apenas como alimento para o corpo, mas como alimento, por meio de rituais sagrados, para a alma. A pesquisa apresenta os aportes teóricos e metodológicos da historiografia e outras áreas das ciências humanas, que versam sobre os povos indígenas no Brasil e em Mato Grosso do Sul, ensino de História indígena e Educação Patrimonial. Também foram realizados trabalhos de campo, com foco nas narrativas sobre a cerimônia pesquisada, vídeos e coleta de fotografias de dois momentos do Jerosy Puku, o primeiro na terra indígena Laranjeira Nhanderu, e o segundo na aldeia Guyra Kambi’y. Como produto final, elaboramos uma sequência didática para ser incorporada nas práticas pedagógicas dos docentes das escolas de Mato Grosso do Sul. As atividades descritas nessa sequência didática propõem promover discussões e reflexões voltadas para o reconhecimento, valorização e divulgação da história e do patrimônio cultural dos povos indígenas que habitam o estado de Mato Grosso do Sul, estimulando os alunos do Ensino Médio a conhecer, discutir e compreender a cultura imaterial dos indígenas Kaiowá por meio da prática do Jerosy Puku (canto-reza longa), que integra a celebração do Avatikyry (festa do milho). Nesse sentido, essa pesquisa visa contribuir com a educação básica na medida em que almeja sensibilizar para a importância de trabalhar com temática indígena na sala de aula, desconstruindo preconceitos e estereótipos que permeiam o dia a dia dos alunos e alunas indígenas nas escolas de Mato Grosso do Sul.