INCLUIR É O CAMINHO: PROJETO INTEGRADOR

Abstract

O projeto integrador teve como proposta desenvolver uma série de atividades funcionais, que envolveu jogos e brincadeiras de correr, saltar, chutar, arremessar, no intuito de despertar o imaginário do aluno, e dar oportunidade a ele de vivenciar novas experiências por meio da ludicidade, bem como estimular suas potencialidades e contribuir para melhorar sua qualidade de vida. Sabe-se que a criança quando estimulada a participar de atividades que envolvem o aspecto motor tem sua capacidade de adaptação ao meio ampliada. É por meio da ação que os sujeitos adquirem as funções da formação da consciência, e a realização de atividades motoras seria a mola propulsora de adaptar, de transformar e de se relacionar com o ambiente (VYGOTSKY, 1991). Em uma das atividades, quando trabalhava o estimulo às variáveis da pressão, a saber, tempo, precisão, complexidade e organização, me recordo de desafiá-lo no jogo de boliche. Isso aconteceu no segundo momento da atividade manipulativa, em que, ao procurar manter o objetivo da proposta, resolvi brincar com ele ao desafiá-lo a derrubar uma pilha de cones. Ele ficou bem mais animado e interessado em participar desse momento lúdico e, cheio de certeza, disse: "Professor, eu vou ganhar de você e derrubar tudo!" (Pedrinho, 2016). Assim, na fase final do projeto, o aluno conseguiu melhorar a capacidade funcional e o controle de suas ações mesmo quando era submetido às diferentes variáveis da pressão, e o caráter lúdico das atividades foi determinante para lhe dar mais confiança e autonomia na tomada de decisão. Ao desenvolver a proposta de integrar o aluno com NEEs nos espaços escolares, em particular nas aulas de Educação Física, por meio do projeto integrador “Incluir é o caminho”, objetivou-se a sua formação integral, considerando que ações adotadas no projeto contribuíram para aperfeiçoar e aprimorar habilidades motoras, bem como cultivar e estimular importantes aspectos relacionados aos valores humanos, como respeito, amizade e cooperação. Acredita-se que os resultados obtidos foram satisfatórios, bem próximos do imaginado ao planejar e elaborar a proposta. Os benefícios para o aluno ficaram evidenciados logo no início do ingresso dele no projeto. Isso porque, como foi descrito na fase da intervenção, os encontros foram repletos de momentos de surpresa, alegria e satisfação. Nessa perspectiva, projetos como este adquirem relevância para incluir alunos atendidos na educação especial. Para Manton (2005), o movimento inclusivo nas escolas depende da expansão de projetos que, de fato, têm o compromisso de transformar a realidade dos alunos; precisam, sobretudo, estabelecer formas consistentes de atender às suas necessidades, de modo a permitir maior interação entre os sujeitos (MANTON, 2005). Vale lembrar que Pedrinho vivenciou novas experiências de aprendizagem no projeto e, dessa forma, ele mostrou a influência dos efeitos positivos do caráter recreativo das atividades: "Agora ficou diferente, gosto mais de fazer as atividades na educação física. Brinco mais com os meus colegas." (Pedrinho, 2016). Trabalhar na perspectiva da educação inclusiva implica em refletir acerca das diferentes maneiras de fazer a diferença na vida de um aluno com NEEs. As estratégias lúdicas caracterizaram-se como uma dessas ações que, de fato, intervêm de modo significativo no cotidiano escolar do aluno. Ao participar das atividades do projeto, Pedrinho teve a oportunidade de vivenciar diferentes experiências e realizou uma série de atividades que contemplou sua realidade de sujeito com necessidades especiais. Por isso, os encontros ultrapassaram os aspectos da atividade física, tornaram-se momentos de acolhimento, nos quais o aluno se sentia importante e valorizado, pois nesse espaço sua opinião era significativa e relevante. Os encontros na perspectiva lúdica consolidaram-se como ferramentas apropriadas, visto que deu ao aluno a oportunidade de conhecer diferentes saberes por meio de uma linguagem mais acessível e adequada à sua formação. A participação dele no projeto foi muito produtiva, tanto do ponto de vista da autonomia do sujeito, melhorando, sobretudo, sua capacidade motora, quanto do comportamento, tornando-se um aluno mais estável. Além do mais, houve o despertar de seu interesse em participar das aulas de educação física, contribuindo, assim, para formar um aluno muito mais ativo, saudável e sociável. Ao aceitar sua participação nas aulas, levando em consideração suas limitações, o professor conseguiu encorajá-lo a explorar suas potencialidades, fazendo com que quebrasse barreiras e superasse estigmas até então intransponíveis. Em suma, o projeto configurou-se como uma importante ação pedagógica de modo a complementar as atividades práticas de educação física, auxiliando professores a trabalharem à inclusão dos alunos com NEEs. Assim, considera-se importante desenvolver nas escolas projetos como: “Incluir é o caminho”, pois abre espaço para participação das crianças com deficiências nas aulas de educação física.