FORMAÇÃO PEDAGÓGICA PARA PROFESSORES DO ENSINO PROFISSIONAL TÉCNICO EM AGRONEGÓCIO

Abstract

No cenário educacional atual, a qualidade do ensino tem estado frequentemente em pauta. Dentre as questões apontadas, e por que não dizer no centro delas, encontra-se a necessidade de se repensar a formação dos profissionais que atuam na docência, conforme argumentam Nóvoa (1992), Pimenta (1998), Gauthier et al (2006) e Tardif (2014). Nas Instituições de Ensino Superior (IES), os cursos de Licenciatura denotam fragilidade quando o assunto é formação de professores. Faculdades de Educação têm sido criticadas pela ineficiência na formação docente, aumentando a desconfiança e insatisfação pública em relação ao trabalho destes profissionais (DARLING-HAMMOND, 2014). Ademais, a crença de que, para ser professor basta ter talento, dispor de bom senso ou mesmo ter vocação, são fatores que dificultam a profissionalização da docência e desvalorizam a profissão (GAUTHIER et al, 2006). Nesta percepção, Gauthier et al (2006) destaca que o ato de ensinar não consiste apenas em transmitir o conteúdo aos alunos, não bastando somente saber química para se ensinar química, pois quem ensina deve também saber planejar, organizar e avaliar. Embora tais saberes não sejam do domínio de muitos profissionais de diferentes áreas do conhecimento, inúmeros têm optado pela docência sem terem clareza dos condicionantes e das complexidades que implicam o ato de ensinar, contribuindo ainda mais com críticas sobre a qualidade do ensino no Brasil (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002). No cenário do ensino técnico profissionalizante, dentre inúmeros profissionais em atividade no magistério, estão veterinários, químicos, agrônomos, nutricionistas, enfermeiros, advogados, entre outros, cuja formação inicial é a de bacharel e, portanto, não possuem preparação pedagógica. Esta é a situação de professores que atuam no Ensino Técnico (ET) em Agronegócio e cuja busca de publicações científicas específicas desse nicho, aponta para a escassez de literatura sobre o assunto. Assim, para o desenvolvimento desta Produção Técnica Educacional (PTE), como objetivo geral delineamos instrumentalizar os professores com ações didáticas, de modo a possibilitar a inserção de componentes didático-pedagógicos voltados a professores do Ensino Técnico em Agronegócio, nível profissionalizante. Para tanto, três objetivos específicos foram estabelecidos, a serem: 1- Levantar por meio de entrevistas e questionários quais são as dificuldades e necessidades formativas dos professores relacionadas à docência; 2- Planejar e implementar um Curso de Formação Pedagógica (CFP), de caráter extensivo com carga horária total de 20 horas, destinado aos professores participantes da pesquisa e; 3- Analisar os resultados, contribuições e limitações deste Curso, assim como o seu impacto nos participantes da pesquisa. O Curso de Formação foi realizado com os professores de um Curso Técnico em Agronegócio, em um Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) de uma cidade do norte pioneiro do Estado do Paraná. Os dados para a pesquisa foram coletados a partir da aplicação de entrevistas e questionários aos professores do Curso Técnico em Agronegócio. Foi ofertado um CFP a seis professores bacharéis em Direito, Medicina Veterinária, Engenharia Agronômica e Administração, intitulado “Formação Pedagógica para Professores do Ensino Profissional Técnico em Agronegócio”. Trata-se de um curso formativo com ênfase nos saberes e fazeres docentes, com vistas a possibilitar a inserção de componentes didático-pedagógicos voltados a professores atuantes no Ensino Técnico em Agronegócio, nível profissionalizante, oportunizando aporte teórico e prático, numa perspectiva reflexiva, em consonância com um panorama formativo de desenvolvimento e avaliação direcionados ao aperfeiçoamento da prática docente destes professores. Como procedimentos, buscamos evidenciar por meio de entrevistas e questionários aplicados aos professores, quais suas dificuldades e necessidades formativas relacionadas à docência, para a seguir, planejar e implementar um CFP, seguido da análise de seus resultados, contribuições e limitações. Assim, escolhemos a formação continuada, partindo da compreensão de que é um momento de experimentação do novo, de fomento para desenvolver experiências pessoais e profissionais, de ação onde os participantes da pesquisa são considerados autores da configuração social da escola, buscando transformar sua prática (IMBERNÓN, 2010a).