Evangélicos e ditadura militar brasileira (1964-1985): o uso de memórias e representações no ensino de história

Abstract

O transbordar de memórias sobre a ditadura militar no Brasil tem gerado disputas e conflitos que indiscutivelmente chegaram até as escolas. Em meio a tais embaraços e desafios do presente, os historiadores/professores são impulsionados a revisitar criticamente seus métodos, conteúdos e abordagens executadas em salas de aula. Nosso trabalho visa contribuir na promoção de metodologias capazes de direcionar docentes e estudantes a um efetivo exercício de práticas investigativas sobre memórias e representações negacionistas. De forma simultânea, apresenta ferramentas e operações racionais possíveis de serem instrumentalizadas pelos discentes em suas vidas práticas, oportunizando compreensões ampliadas de suas realidades. Ademais, importa-nos deslocar para o centro da temática da ditadura militar, outras histórias, lembranças e identidades ainda negligenciadas por muitas narrativas que tratam sobre o tema. É nesse sentido, que invocamos em nossa pesquisa os sujeitos evangélicos. Permeando seus periódicos, suas representações e memórias, os situamos não como um grupo religioso homogêneo, tal qual o senso comum os vê, mas em suas heterogeneidades doutrinárias e identitárias, as quais mostrar-se-ão responsáveis por fundamentar posicionamentos, retratações e lembranças distintas do golpe militar de 1964. Em tempos de ascensão dos evangelicalismos no Brasil e suas respectivas representatividades em salas de aula, é impreterível compreendermos as identidades evangelicais abraçadas por nossos estudantes, mas ainda como tais identificações revelam-se essenciais para as aceitações ou recusas dos conteúdos históricos escolarizados.