O conhecimento histórico após a BNCC e o Novo Ensino Médio: mudanças e permanências de uma disciplina escolar

Abstract

A presente pesquisa investiga as mudanças e permanências no ensino de história após a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e da Reforma chamada de Novo Ensino Médio (NEM). A pesquisa parte da chave de leitura que associa essas reformas educacionais ao neoliberalismo (LAVAL, 2019). É também importante para esta pesquisa analisar as “guerras de narrativas”, em torno do currículo de História (LAVILLE, 1999), para investigar os conflitos e as concepções de ensino de História, trazidas no bojo dos debates sobre as reformas e o conceito de código disciplinar (FERNÁNDEZ, 1997) para pensar mudanças e permanências no ensino de História. Foi feita uma investigação da documentação que instituiu as reformas, como a Lei nº 13.415/2017 (reforma do ensino médio), textos da 1ª, 2ª e 3ª versões da BNCC e o DCRC (Documento Curricular Referencial do Ceará). A pesquisa foi realizada a partir de metodologia quantitativa e qualitativa, com aplicação de questionário, com 50 respostas, e realização de 6 entrevistas, com professores (as) de História do Ensino Médio da rede estadual do Ceará. Dentre os resultados, foi encontrado que as reformas estudadas atingem os professores de maneiras distintas, dependendo do modelo da escola, da estabilidade do (a) professor (a) na rede de ensino e na escola. 92% responderam que percebem mudanças no ensino de história, provocadas pela diminuição da carga horária, que leva a necessidade de recortes cada vez maiores pelos (os) professores (as), pela falta de uma organização dos conteúdos por série, pela organização dos conteúdos por competências e habilidades, pela ausência de um livro de História. Mas os (as) professores (as) também afirmam que sentem mais autonomia para escolher os conteúdos após as reformas (18%) e 78% afirmaram que embora sintam impactos negativos, conseguem manter a autonomia em suas práticas docentes.