No repique do agogô, na batida do atabaque: perspectivas para o ensino de História desde as epistemologias de terreiro

Abstract

A partir desta pesquisa proponho uma investigação das possibilidades em torno do uso de toques de Candomblé Ketu como recurso didático para o Ensino de História, desde os processos de construção, preservação e mediação de conhecimentos em Terreiros de Candomblé. Apreendendo que a Escola e o Terreiro compreendem espaços formativos, faço uma reflexão sobre as possibilidades de entrecruzamento entre os processos educativos destes territórios. Organizo o trabalho em três pontos gerais, indo de uma perspectiva mais ampla e agudizando o olhar ao longo da pesquisa. Discuto as especificidades da Escola e do Terreiro, observando divergências e convergências entre estes espaços, os suportes legais que, em um contexto de racismo epistêmico e religioso, garantem e protegem a importância do diálogo entre a instituição escolar e as comunidades afrorreligiosas. Apresento também os debates em torno do Ensino de História e os conhecimentos elaborados desde o Terreiro, refletindo acerca das possibilidades de se apreender os ritmos de candomblé como fontes históricas. Por fim, trago uma análise dos toques em si e de seus usos em contexto escolar. Defendo, em termos gerais, que os toques percutidos nos atabaques configuram um sistema de preservação da memória dos ancestrais cultuados em comunidades de terreiro sendo, então, possível perceber a partir desta musicalidade um conjunto de aspectos inerentes a esses ancestrais. Proponho como produto pedagógico a aplicação de aulas oficinas, nas quais as/os estudantes tenham contato com a materialidade musical do terreiro, a partir dos instrumentos musicais utilizados, como atabaques e agogôs, bem como com os ritmos percussivos consagrados às/aos orixás específicos. Articulo na construção da pesquisa e na elaboração da aula oficina com autoras/es como Beatriz Nascimento, Vanda Machado, Leandro Bulhões, Wanderson Flor do Nascimento, Denise Botelho, Luiz Antônio Simas e Muniz Sodré