Fortaleza, uma cidade negra na “Terra da Luz”: ensino de história e memórias do pós-abolição no enfrentamento à invisibilização afrocearense

Abstract

Essa dissertação teve por objetivo investigar a formação de uma memória social e suas representações sobre a escravidão e o pós-abolição cearense a partir da análise e problematização dos discursos publicados na revista do Instituto Histórico do Ceará em 1984, I centenário da abolição da escravatura no Ceará e que impactou num ensino de história do Ceará voltado à branquitude. Uma narrativa hegemônica que, quando não invisibilizou, desqualificou a função social do negro tanto quanto o estigmatizou, associando-o à escravidão, à subserviência e à incapacidade intelectual quase como uma relação inerente. Contribuindo para a (re)produção de um conhecimento histórico escolar pautado nos discursos raciais presentes nessa produção, afirmando uma historiografia racializada que patrocinou uma memorialização sobre os negros cearenses vinculada à escravidão, estruturando uma imagem de inferiorização racial e de uma identidade vitimista, vexatória, humilhante e intrinsecamente relacionada a escravidão. A pesquisa se desenvolve una problematização da estruturação de um racismo local que atravessou todos estes pontos, produzindo em seu seio, um letramento pelo ensino, embebido de segregação racial e uma espécie de inferioridade natural relegada a pessoas negras. Através de uma proposta de educação para as relações étnico raciais, tecemos enfrentamentos ideológicos a constituição de paradigmas ocidentais que promoveram a naturalização do afastamento da negritude em nossas salas de aulas. Por fim, propomos uma sequência didática através de aulas oficinas que visa o mapeamento da negritude fortalezense a partir de um banco de referências afro brasileiras desenvolvido por estudantes da educação básica pública, no qual possam estar representados: comunidades, personagens, eventos e sociabilidades negras na cidade de Fortaleza. Material que será orientador de trabalhos em sala de aula na abordagem de conceitos como: memória e história da escravidão e pós-abolição, identidades, racismo e territorialidades, trazendo para o visível coletivos, sujeitos e sociabilidades negras, cotidianamente invisibilizados e sendo contributivo para mapeamento e representatividade frente ao campo proposto.