Pequeno mapa do tempo de crise: ensino de história, afetos e negacionismos na era digital

Abstract

Partindo da linha de pesquisa “Linguagens e Narrativas Históricas: Produção e Difusão”, este trabalho buscou mapear elementos que compõem a situação de desorientação alegada no debate recente entre teoria e ensino de história, traçando camadas do que se pode entender como uma crise transversal, frente às transformações do processo de plataformização e neoliberalização nas duas primeiras décadas do século XXI. A partir de um jogo de escalas, do disciplinar à temporalização de um tempo de crise permanente, este trabalho cartografou as forças que compõem esse fenômeno, associando-o à formulação e à popularização de novas formas de negacionismo histórico. Para melhor entendê-los em sua relação com a dinâmica antiestrutural das plataformas digitais, baseou-se na teoria dos afetos de Baruch de Spinoza e sua releitura por Gilles Deleuze e Félix Guattari, assim como nos estudos recentes da antropologia digital por Letícia Cesarino, de inspiração cibernética, ao enfatizar o conceito de ressentimento na dimensão afetiva das disputas políticas. Por fim, após análise empírica da produção, circulação e consumo de narrativas históricas por públicos digitais, feita a partir de levantamento de fontes de redes sociais, este trabalho propôs direcionamentos para a prática docente, de forma experimental, sob o nome de “ensino por errâncias”, como parte do giro ético-político que tem movimentado a disciplina nas últimas décadas.