SEGUINDO RASTROS E COLHENDO MEMÓRIAS. Presença e (in) visibilidade negra no Ensino de História em São Domingos do Capim/PA.

Abstract

A presente dissertação é resultado do nosso estudo desenvolvido no Mestrado Profissional em Ensino de História pela Universidade Federal do Pará (PROFHISTÓRIA/UFPA), sobre questões étnico-raciais negras no ensino de História, como instrumento de ressignificação do saber histórico escolar. A pesquisa analisa a apropriação da colonialidade do saber no currículo da escola, nas atividades pedagógicas desenvolvidas, no material didático de História e a percepção ou não da presença étnico-racial pelos alunos, isto é, a percepção do negro local num contexto de (in) visibilização e silenciamento desses sujeitos. A partir da problemática apresentada, desenvolvemos atividades de pesquisas fundamentadas na coleta de fontes orais sobre o negro, através do ensino de História, tencionando que os alunos percebessem a presença étnico-racial nos seus espaços de vivência social, como a família, a escola, o bairro, bem como na comunidade local. Deste modo, realizamos atividades pedagógicas dentro e fora da escola pesquisada – internamente, estudamos os conceitos relacionados à compreensão da pesquisa, e externamente, realizamos ações envolvendo as entrevistas ocorridas na cidade e no espaço rural – em busca de narrativas históricas protagonizadas pelos negros, sujeitos locais, no tempo presente. Para atingir este objetivo, os estudantes utilizaram como instrumentos de coleta de fontes orais, realização de entrevistas com moradores da cidade e das comunidades remanescentes de antigos quilombos, visitadas com ancoragem no aporte teórico e metodológico da pesquisa-ação e História Oral, como suporte ao desenvolvimento das pesquisas individuais, com seus familiares, e em grupos. Os resultados alcançados, por meio dessa pesquisa escolar, permitiram compreender um pouco mais sobre a História local e, principalmente, a notabilidade das narrativas locais sobre o negro, mediante a visitação aos lugares de memória, da percepção da resistência negra com total protagonismo, e do seu legado sociocultural. Essa experiência possibilitou aos alunos (as) ler o passado como espelho para refletir sobre a vida no tempo presente e, assim, desenvolver a consciência histórica. Ademais, como produto didático dessa dissertação, desenvolvemos um Centrinho de Memória Negra Capimense, um espaço dentro da sala de aula no qual foram expostos os resultados das pesquisas materiais e imateriais, sendo estas realizadas por meio das explicações das narrativas sobre o negro pelos estudantes.