A negação acional no português brasileiro sob a perspectiva da Gramática Discursivo-Funcional: assalto ao turno de fala e rejeição de ato de fala

Registro completo de metadados
MetadadosDescriçãoIdioma
Autor(es): dc.contributorPezatti, Erotilde Goreti-
Autor(es): dc.contributorUniversidade Estadual Paulista (UNESP)-
Autor(es): dc.creatorGalvão Passetti, Gabriel Henrique-
Data de aceite: dc.date.accessioned2025-08-21T20:25:22Z-
Data de disponibilização: dc.date.available2025-08-21T20:25:22Z-
Data de envio: dc.date.issued2025-07-25-
Data de envio: dc.date.issued2025-06-27-
Fonte completa do material: dc.identifierhttps://hdl.handle.net/11449/312442-
Fonte: dc.identifier.urihttp://educapes.capes.gov.br/handle/11449/312442-
Descrição: dc.descriptionEste estudo se propõe a analisar e descrever as propriedades pragmáticas, semânticas, morfossintáticas e fonológicas da negação acional por meio de “não” no português brasileiro, que tem por função assaltar o turno de fala e rejeitar o ato de fala. Essas negações agem, respectivamente, sobre a camada do Movimento e a do Ato Discursivo, previstas pela Gramática Discursivo-Funcional (GDF), modelo teórico adotado por este estudo. Esse modelo leva em consideração a natureza situada da comunicação linguística e apresenta uma arquitetura modular, com organização descendente (top down), isto é, parte da intenção do Falante para a forma das expressões linguísticas, de modo que a pragmática governa a semântica, ambas governam a morfossintaxe, e a pragmática, a semântica e a morfossintaxe governam a fonologia. Como universo de análise, são coletados dados de fala do português brasileiro de três corpora: Córpus Mínimo do NURC, C-ORAL-BRASIL-I e Iboruna. Esses corpora reúnem amostras de interação verbal em seis capitais brasileiras (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) e na região noroeste do Estado de São Paulo. Além disso, realiza-se um experimento controlado, por meio da gravação da voz de um informante. São coletadas também ocorrências de língua escrita em páginas da internet sediadas no Brasil. O método de análise é dedutivo-indutivo, de caráter qualitativo, já que parte do dado concreto (acústico ou ortográfico), para, de modo indutivo, qualificá-lo, criando hipóteses que, no percurso inverso, o dedutivo, são submetidas a testes, gerando novas hipóteses. O objetivo principal é correlacionar as propriedades funcionais dessas negações acionais a seus aspectos formais, propiciando uma descrição detalhada dos fenômenos linguísticos em análise. Já como objetivo específico, busca-se identificar no que essas negações se aproximam e se distanciam e, além disso, apontar quais relações de (des)igualdade elas estabelecem com as outras negações acionais (de Ilocução, de Conteúdo Comunicado, de Subato e de Ação Lexical). Os resultados mostram que tanto a negação de Movimento como a de Ato Discursivo constituem um Ato Discursivo Interativo, cuja Ilocução é preenchida pelo Lexema Acional interjetivo “não”. Enquanto, na negação de Movimento, esse Ato Discursivo Interativo serve à estratégia de interromper o Movimento em construção, assaltando o turno de fala, com o propósito de desenvolver o tópico discursivo em discussão, na negação de Ato Discursivo, o Interativo rejeita outro Ato Discursivo anteriormente enunciado, já que sua execução é considerada inadequada para a situação comunicava, servindo à estratégia de reprovar sua enunciação. Em ambas as negações, há uma discrepância (mismatch) entre os níveis Interpessoal e Representacional, numa relação um-para-zero, ou seja, não há correspondente semântico dessas negações interpessoais, já que não evocam nenhum conteúdo semântico, não sendo, portanto, submetidas a condições de verdade (non-truth-conditional). Assim, o que diferencia essas negações em termos de formulação é o molde interpessoal em que ocorrem: na negação de Movimento, o Ato Discursivo Interativo “não” compõe um Movimento junto a um Ato Discursivo de Conteúdo, que desenvolve algum aspecto do tema do Movimento interrompido, ao passo que, na negação de Ato Discursivo, o Interativo “não” constitui sozinho um Movimento. Por isso, no Nível Morfossintático, a interjeição “não”, nos casos de negação de Movimento, por ser um constituinte extraoracional, é morfossintaticamente dependente e ocupa a posição pré-oracional da Expressão Linguística, refletindo o estatuto subsidiário do Ato Discursivo correspondente, que veicula a macrofunção retórica Prelúdio. Na negação de Ato Discursivo, por outro lado, atua o Princípio da Profundidade Máxima, de modo que a interjeição “não”, nesse caso, constitui um enunciado por si só e é formulada no Nível Interpessoal e diretamente codificada no Nível Fonológico, tendo em vista que, com ela, não ocorre nenhuma operação morfossintática. A diferença entre os moldes interpessoais da negação de Movimento e da de Ato Discursivo também é mapeada no Nível Fonológico, em que “não” é uma Frase Entonacional, mas, apenas na negação de Ato Discursivo, a Frase Entonacional compõe sozinha um Enunciado. Além disso, cumprindo o objetivo específico deste trabalho, demostra-se que as negações de Movimento e de Ato Discursivo negam um alvo (targeting), presente no cotexto, ao passo que as negações das camadas mais baixas são formuladas como operadores, ou seja, estão presentes na estrutura pragmática subjacente aos enunciados negativos. Enquanto as primeiras, somada à negação de Ilocução, aqui denominadas negações acionais interativas, são voltadas ao interlocutor, as negações de Conteúdo Comunicado, Subato e Ação Lexical são orientadas ao conteúdo, pelo que são classificadas como negações acionais de conteúdo. A partir dos resultados, propõe-se uma definição mais precisa da negação de Ato Discursivo, segundo a qual o Participante do discurso considera não aceitável a relação de predicado-argumento que há entre a Ilocução e os outros componentes do Ato Discursivo rejeitado, que pode ser de qualquer tipo, exceto Expressivo. Além dessa nova definição da negação de Ato Discursivo, negação chamada de Rejeição, este trabalho contribui para aperfeiçoamento do modelo teórico da GDF ao identificar a existência de negação relacionada à camada do Movimento, aqui denominada Assalto. Espera-se que os resultados apresentados estimulem mais pesquisas sobre as negações acionais analisadas. Estudos similares em outras línguas podem trazer argumentos para que se incorpore a negação de Movimento ao modelo da GDF, conforme propõe este estudo.-
Descrição: dc.descriptionThis study aims to analyze and describe the pragmatic, semantic, morphosyntactic and phonological properties of the actional negation by means of “não” in Brazilian Portuguese, which has the function of assaulting the speaking turn and rejecting the speech act. These negations affect, respectively, the Movement and the Discourse Act layers, predicted by Functional-Discourse Grammar (FDG), the theoretical model adopted by this study, which takes into account the situated nature of linguistic communication and presents a modular architecture, with top-down organization, that is, part of the Speaker's intention for the form of linguistic expressions, so that pragmatics governs semantics, both govern morphosyntax, and pragmatics, semantics and morphosyntax govern phonology. The universe of analysis is based on data collected from Brazilian Portuguese speech in three corpora: NURC Minimum Corpus, C-ORAL-BRASIL-I and Iboruna. These corpora gather samples of verbal interaction in six Brazilian capitals (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador and São Paulo) and in the northwest region of the State of São Paulo. In addition, a controlled experiment is conducted by recording the voice of an informant. Occurrences of written language on web pages hosted in Brazil are also collected. The method of analysis is deductive-inductive, of a qualitative nature, since it starts from concrete data (acoustic or orthographic) to qualify it inductively, creating hypotheses that, in the reverse deductive process, are subjected to testing, generating new hypotheses. The main objective is to correlate the functional properties of these actional negations with their formal aspects, providing a detailed description of the linguistic phenomena under analysis. As a specific objective, we seek to identify how these negations are similar and how they are different, and to point out which relations of (in)equality they establish with other actional negations (of Illocution, Communicated Content, Subact and Lexical Deed). The results show that both the negation of Movement and that of Discourse Act constitute an Interactive Discourse Act whose Illocution is filled by the interjective Actional Lexical “não”. While, in the negation of Movement, this Interactive Discourse Act serves the strategy of interrupting the Movement under construction, assaulting the speaking turn, with the purpose of developing the discursive topic under discussion, in the negation of Discourse Act, the Interactive Discourse Act rejects another Discourse Act previously executed, since its execution is considered inadequate for the communicated situation, serving the strategy of disapproving its enunciation. In both negations, there is a mismatch between the Interpersonal and Representational levels, in a one-to-zero relationship, that is, there is no semantic correspondent for these interpersonal negations, since they do not evoke any semantic content and are therefore non-truth-conditional. Thus, what differentiates these negations in terms of formulation is the interpersonal mold in which they occur: in the negation of Movement, the Interactive Discourse Act “não” composes a Movement together with a Discourse Act of Content, which develops some aspect of the theme of the interrupted Movement, whereas, in the negation of Discourse Act, the Interactive “não” constitutes a Movement alone. Therefore, at the Morphosyntactic Level, the interjection “não”, in cases of negation of Movement, as it is an extra-clausal constituent, is morphosyntactically dependent and occupies the pre-clausal position of the Linguistic Expression, reflecting the subsidiary status of the corresponding Discourse Act, which conveys the rhetorical macrofunction Prelude. In the negation of a Discursive Act, on the other hand, the Principle of Maximum Depth acts, so that the interjection “não”, in this case, constitutes a statement itself and is formulated at the Interpersonal Level and directly encoded at the Phonological Level, given that, with it, no morphosyntactic operation occurs. The difference between the interpersonal patterns of the negation of Movement and that of Discourse Act is also mapped at the Phonological Level, in which “não” is an Intonational Phrase, but only in the negation of Discourse Act, the Intonational Phrase alone composes an Utterance. Furthermore, fulfilling the specific objective of this work, it is demonstrated that the negations of Movement and Discourse Act deny a target, present in the co-text, while the negations of the lower layers are formulated as operators, that is, they are present in the pragmatic structure underlying the negative statements. While the first, added to the negation of Illocution, here called interactive actional negations, are directed at the interlocutor, the negations of Communicated Content, Subact and Lexical Deed are content-oriented, and are therefore classified as actional negations of content. Based on the results, a more precise definition of the negation of a Discourse Act is proposed, according to which the Participant of the discourse considers the predicate-argument relationship between the Illocution and the other components of the rejected Discourse Act, which can be of any type except Expressive, to be unacceptable. In addition to this new definition of the negation of a Discourse Act, a negation called Rejection, this work contributes to the improvement of the theoretical model of the FDG by identifying the existence of negation related to the Movement layer, here called Assault. It is expected that the results presented will stimulate further research on the actional negations analyzed. Similar studies in other languages may provide arguments for incorporating the negation of Movement into the FDG model, as this study proposes.-
Descrição: dc.descriptionConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)-
Descrição: dc.descriptionGD/CNPq: 140383/2021-2-
Formato: dc.formatapplication/pdf-
Idioma: dc.languagept_BR-
Publicador: dc.publisherUniversidade Estadual Paulista (UNESP)-
Direitos: dc.rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess-
Palavras-chave: dc.subjectNegação acional-
Palavras-chave: dc.subjectNão-
Palavras-chave: dc.subjectTurno de fala-
Palavras-chave: dc.subjectAto de fala-
Palavras-chave: dc.subjectGramática Discursivo-Funcional-
Palavras-chave: dc.subjectActional negation-
Palavras-chave: dc.subjectNão-
Palavras-chave: dc.subjectSpeech turn-
Palavras-chave: dc.subjectSpeech act-
Palavras-chave: dc.subjectFunctional Discourse Grammar-
Título: dc.titleA negação acional no português brasileiro sob a perspectiva da Gramática Discursivo-Funcional: assalto ao turno de fala e rejeição de ato de fala-
Título: dc.titleActional negation in Brazilian Portuguese from the perspective of Functional Discourse Grammar: assault on the speaking turn and rejection of the speech act-
Tipo de arquivo: dc.typelivro digital-
Aparece nas coleções:Repositório Institucional - Unesp

Não existem arquivos associados a este item.