A doença mental nem sempre é doença: racionalidades leigas sobre saúde e doença mental: um estudo no Norte de Portugal

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Autor(es): dc.creatorAlves, Fátima-
Data de aceite: dc.date.accessioned2020-09-24T17:26:37Z-
Data de disponibilização: dc.date.available2020-09-24T17:26:37Z-
Data de envio: dc.date.issued2020-02-06-
Data de envio: dc.date.issued2020-02-06-
Data de envio: dc.date.issued2009-02-
Fonte completa do material: dc.identifierhttp://hdl.handle.net/10400.2/9214-
Fonte: dc.identifier.urihttp://educapes.capes.gov.br/handle/10400.2/9214-
Descrição: dc.descriptionAs sociedades relacionam-se com a loucura em acordo com as concepções dominantes sobre o mundo (Benedict, 1934; Devereux, 1970). A racionalidade moderna construiu a doença mental como um ‘objecto’ controlado pela medicina (Foucault, 1987). No universo leigo das sociedades modernas, os conceitos, as atitudes e as práticas associadas com a doença mental são culturalmente distantes da representação científica do corpo, da doença e do paciente (Devereux, 1970). A característica semi-periférica da sociedade portuguesa, integrando simultaneamente características típicas das sociedades desenvolvidas e das menos desenvolvidas e menos complexas (Santos, 1990), permite antever um edifício explicativo sobre a doença mental complexo e multifacetado, simultaneamente moderno e tradicional. Esta pesquisa investiga as racionalidades leigas sobre a doença mental numa região (norte) de Portugal. Para além das explicações e interpretações da racionalidade profissional e das da racionalidade política-jurídica (as políticas de saúde mental representam o acordo que uma determinada sociedade estabelece relativamente aos problemas da loucura) quais são as interpretações e concepções leigas? Após a revisão da bibliografia sobre a história da loucura, as politicas de saúde mental e as representações sociais sobre doença mental, esta pesquisa adopta uma abordagem qualitativa que privilegia o ponto de vista no nativo de Geertz (1983) e se apoia no argumento de pluralidade de habitus e de contextos de acção (Lahire, 2005). A análise respeita ao conteúdo de sessenta e oito entrevistas efectuadas a homens e mulheres. Nas racionalidades leigas, a ‘doença mental’ pode ser doença ou não. Os discursos leigos, em vez de falarem em ‘as doenças’, falam em ‘os doentes’ e retiram-se sistematicamente da entidade doença para se situarem face à ‘pessoa’, enquanto uma entidade ontológica holística que associa corpo e mente e integra a pessoa em todos os domínios da vida.Nas racionalidades leigas, classificam-se as pessoas em três categorias: os doentes, os fracos e os fortes (de personalidade). Os doentes têm uma doença que, claramente, aparece inscrita no corpo (com causas orgânicas ou morais); os fracos têm cismas e nervos que os podem fazer ficar doentes; os fortes são capazes de vencer o sofrimento mental próprio dos acontecimentos de vida. À psiquiatria, o pensamento leigo atribui uma função de controlo da loucura, exercido através do tratamento e da exclusão daqueles que têm verdadeiras doenças mentais. A representação social da psiquiatria remete-a para a dominante biomédica e não psicodinâmica. A ‘conversa’ é o recurso mais valorizado quando se fala de sofrimento mental (não doença mental); ela é atributo de outros profissionais do sistema (os psicólogos) e de profissionais alternativos (de vários tipos). Nessa lógica, identifica-se uma cultura de resistência à psiquiatrização (medicalização) do sofrimento mental e uma afirmação da agência individual (a ‘conversa’ reforça as forças do próprio indivíduo, único capaz de vencer a tendência para a doença). Quer as narrativas de doença mental (na terceira pessoa), quer as narrativas de sofrimento mental (na primeira pessoa) são formas de o sujeito se colocar perante si próprio, em estreita relação com a identidade. A doença e a ‘não-doença’ são entidades através das quais o indivíduo se constrói, afirmando-se ou se destrói, aniquilando-se. Em síntese, a pesquisa encontrou uma relação leiga com a doença mental (na linguagem da medicina) feita de várias lógicas, complexas e múltiplas, pelo que propõe o conceito de racionalidades leigas, no plural, sobre sofrimento e doença mental.-
Descrição: dc.descriptionN/A-
Idioma: dc.languagept_BR-
Relação: dc.relationhttp://www.lasics.uminho.pt/xconglab/-
Direitos: dc.rightsrestrictedAccess-
Palavras-chave: dc.subjectDoença Mentalm-
Palavras-chave: dc.subjectRacionalidades leigas-
Palavras-chave: dc.subjectSofrimento-
Palavras-chave: dc.subjectSociologia da saúde-
Título: dc.titleA doença mental nem sempre é doença: racionalidades leigas sobre saúde e doença mental: um estudo no Norte de Portugal-
Tipo de arquivo: dc.typeaula digital-
Aparece nas coleções:Repositório Aberto - Universidade Aberta (Portugal)

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