Futuro aparente e futuro real : o porvir na poética e na retórica de Os Lusíadas

Registro completo de metadados
MetadadosDescriçãoIdioma
Autor(es): dc.contributorPadeira, Ana Rita Soveral-
Autor(es): dc.creatorAntunes, Roberto Carmo-
Data de aceite: dc.date.accessioned2019-08-21T17:04:49Z-
Data de disponibilização: dc.date.available2019-08-21T17:04:49Z-
Data de envio: dc.date.issued2015-09-14-
Data de envio: dc.date.issued2015-09-14-
Data de envio: dc.date.issued2015-
Fonte completa do material: dc.identifierhttp://hdl.handle.net/10400.2/4460-
Fonte: dc.identifier.urihttp://educapes.capes.gov.br/handle/10400.2/4460-
Descrição: dc.descriptionDissertação de Mestrado em Estudos Portugueses Multidisciplinares apresentada à Universidade Aberta-
Descrição: dc.descriptionNa presente dissertação, são expostos os resultados de um trabalho teórico-reflexivo sobre as referências que, na epopéia Os Lusíadas, de Luís de Camões, se apresentam sobre o futuro. Considerou-se como ‘referência ao futuro’ toda menção a fatos, pensamentos ou sentimentos que dizem respeito: a) a momentos posteriores ao em que se encontram as personagens num determinado ponto da narração, mas anteriores ao fim da produção da obra; b) a épocas subsequentes ao fim da produção da obra. Procurou-se compreender a maneira como essas referências participam da constituição de discursos poéticos e retóricos que se inter-relacionam no transcorrer dos dez cantos da epopeia. Tendo em vista que o método acima proposto transcende a análise de fenômenos narrativos, sem ignorá-los, foi necessária a formulação de uma terminologia adaptada à maneira específica como neste trabalho são abordados os fenômenos cronológicos. Foram escolhidos os termos ‘futuro aparente’ e ‘futuro real’ para designar, respectivamente, os dois tipos de referência ao futuro supra elencados. A expressão ‘tempo de autoria’, por sua vez, representa o momento em que o autor de Os Lusíadas considerou definitivamente encerrada a produção da obra. Convencionou-se como tempo de autoria o mesmo ano de publicação da epopeia, 1572. A análise da epopeia heroica camoniana segundo preceitos aristotélicos permite conceber que seu narrador principal desempenha na obra não apenas o papel de poeta, como também o de retor. O mesmo impulso que o leva a contar em versos os feitos de ilustres heróis portugueses impele esse ‘narrador-poeta-retor’ a tentar angariar para si, por meio de discursos laudatórios, o patrocínio de seu rei. Tal atuação do autor textual reflete o contexto histórico e cultural em que se inseria, na época de produção e publicação do poema, o autor empírico Luís de Camões. Foram incluídos entre os casos de futuro aparente: a) referências a conquistas de heróis portugueses no Oriente obtidas posteriormente à viagem de Vasco da Gama; b) expressões de esperanças, temores ou projetos de ação futura por parte das personagens. Ambos os tipos de ocorrência de futuro aparente constituem parte essencial da poética e da retórica de Os Lusíadas. Os feitos no Oriente são uma consequência direta das ações de desbravamento marítimo narradas no poema. Ao mesmo tempo, servem de exemplo para um discurso de louvor das virtudes portuguesas. Os medos, esperanças e projetos são justificados a partir de premissas retóricas, mas também participam da constituição de peripécias e reconhecimentos na trama poética. Foram incluídos entre os casos de futuro real: a) referências ao futuro do narrador; b) referências ao futuro de D. Sebastião, considerado como narratário; c) afirmações de princípios morais, religiosos, etc., cujo valor se admita como eterno; d) louvores às virtudes de reis e heróis, considerados como dignos de prêmio eterno. Esses casos participam também da concretização de intenções poéticas e retóricas. Quanto a narrador e narratário, há um objetivo manifesto do primeiro em persuadir o segundo, mas ambos aparecem como personagens relacionadas às ações do transcurso do poema. Quanto aos princípios e louvores, são utilizados tanto como premissas ou conclusões retóricas, quanto assegurando a verossimilhança poética. Na epopeia camoniana, o discurso retórico e o discurso poético encontram-se subordinados um ao outro. As ações poéticas servem de exemplos para endossar sentenças retóricas, mas estas últimas dependem, para ter existência, de personagens ou narradores-personagens inseridos em uma trama de ações. A análise dos exemplos recolhidos permite observar que as referências ao futuro não apenas participam desse processo, mas são ainda elementos essenciais a ele. Essa constituição peculiar permite considerar Os Lusíadas também como uma expressão literária de projeções sobre o porvir que dizem respeito aos rumos de uma sociedade que se transformava profundamente em direção à modernidade. Os quatro capítulos da presente dissertação podem ser sintetizados da seguinte forma: no capítulo 1, ‘Contributo para o estudo da cronologia em Os Lusíadas’, serão apresentados os conceitos a serem adotados e uma síntese crítica de estudos de natureza semelhante; no capítulo 2, ‘Poética, retórica e o estudo da cronologia em Os Lusíadas’, se fundamentará a ideia de que o narrador exerce função de poeta e de retor, e se dissertará sobre o contexto da publicação da epopeia; nos capítulos 3 e 4, ‘Futuro aparente’ e ‘Futuro real’, serão apresentados, respectivamente, exemplos de futuro aparente e futuro real, que serão analisados segundo a maneira como consolidem intenções poéticas ou retóricas.-
Descrição: dc.descriptionThis dissertation exposes the results of a theoretical and reflective work about the references presented on the future in the epic The Lusiads by Luís de Camões. Considered as 'reference to the future' was any mention of facts, thoughts or feelings concerning: a) the latter moments regarding where the characters are at a certain point of the story, but prior to the end of production of the work; b) the subsequent times to the end of production of the work. It was sought to understand how these references participate in the constitution of poetic and rhetorical speeches that interrelate in the course of the ten cantos of the epic. Given that the above-proposed method goes beyond the analysis of narrative phenomena - without ignoring them - it was necessary to formulate a terminology adapted to the specific way the chronological phenomena are approached in this work. The terms 'apparent future' and 'real future' were chosen to designate, respectively, the two types of references to the above listed future. The term 'time of authorship', in turn, represents the moment in which the author of The Lusiads considered the production of the work as permanently closed. It was determined as authoring time the same year of publication of the epic, 1572. The analysis of Camões heroic epic, according to Aristotelian precepts, allows one to conceive that its main narrator, or textual author, plays not only the poet's role, but the rhetorician as well. The same impulse that leads him to rely the achievements of illustrious Portuguese heroes on verses impels this 'narrator-poet-rhetorician' to try to raise for himself the sponsorship of his king through laudatory speeches. This action of the main narrator textual reflects the historical and cultural context in which the flesh and blood empirical author, Luís de Camões, was inserted at the time of production and publication of the poem. Among the cases of apparent future there are a) references to achievements of Portuguese heroes in the East obtained subsequently to Vasco da Gama's trip; b) expressions of hopes, fears or future project actions by the characters. Both types of apparent future occurrence comprise an essential part of poetics and rhetoric of The Lusiads. The achievements in the East are a direct consequence of maritime exploration narrated in the poem. At the same time, they serve as an example for a speech of praise regarding the Portuguese virtues. The fears, hopes and projects are justified from rhetorical assumptions, but also participate in the creation of adventures and recognition in the poetic plot. Among the cases of real future there are a) references to the future of the narrator; b) references to the future of King Sebastian, considered as narratee; c) statements of moral principles, religious principles, etc., whose value is accepted as eternal; d) praises to the virtues of kings and heroes, regarded as worthy of eternal reward. These cases also participate in the implementation of poetic and rhetorical intentions. As for the narrator and the narratee, there is a clear objective of the first in persuading the second, but both appear as characters related to the poem's course of action. As for the principles and praises, they are used both as premises or rhetorical conclusions and for ensuring the poetic verisimilitude. In Camões epic, the rhetorical and poetic speeches are subordinate to one another. The poetic actions serve as examples to endorse rhetorical sentences, but the latter depend on characters or characters-narrators inserted into a web of actions in order to exist. The analysis of the collected samples allows one to note that the references to the future not only participate in this process, but are also essential elements to it. This peculiar constitution allows one to also consider The Lusiads as a literary expression of projections of the future relating to the direction of a society that was deeply turning towards modernity. The four chapters of this dissertation can be summarized as follows: in Chapter 1, 'Contributions to a chronological study of the Lusiads', the concepts to be adopted and a critical synthesis of similar nature studies will be presented; in Chapter 2, 'Poetics, rhetoric and the chronological study of The Lusiads', will build the idea that the narrator plays both the poet and rhetorician functions, and the context of the publication of the epic will be discussed; Chapters 3 and 4, 'Apparent Future' and 'Real Future', will present, respectively, examples of apparent and real futures, which will be analyzed according to how the poetic or rhetorical intentions are consolidated.-
Idioma: dc.languagept_BR-
Direitos: dc.rightsopenAccess-
Direitos: dc.rightshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/-
Palavras-chave: dc.subjectCamões, Luís de, 1524?-1580-
Palavras-chave: dc.subjectLiteratura portuguesa-
Palavras-chave: dc.subjectSéculo XVI-
Palavras-chave: dc.subjectOs Lusíadas-
Palavras-chave: dc.subjectAnálise literária-
Palavras-chave: dc.subjectFuturo-
Palavras-chave: dc.subjectPoética-
Palavras-chave: dc.subjectRetórica-
Palavras-chave: dc.subject'The Lusiads'-
Palavras-chave: dc.subjectChronology-
Palavras-chave: dc.subjectFuture-
Palavras-chave: dc.subjectPoetry-
Palavras-chave: dc.subjectRhetoric-
Título: dc.titleFuturo aparente e futuro real : o porvir na poética e na retórica de Os Lusíadas-
Tipo de arquivo: dc.typelivro digital-
Aparece nas coleções:Repositório Aberto - Universidade Aberta (Portugal)

Não existem arquivos associados a este item.