O Paradigma do “Não Reaja”: Quando o Obedecer Pode Matar

Abstract

Em algum ponto da história recente, uma orientação de prudência tornou-se um dogma silencioso. O conselho “não reaja” — originalmente concebido para situações específicas de risco — foi amplificado por instituições, meios de comunicação, ambientes familiares e até discursos religiosos, até se consolidar como uma regra moral absoluta, aplicada sem análise de contexto, perfil ou cenário. Este artigo não procura culpados. Ele propõe reflexão. A partir de casos reais, evidências neurocientíficas, estudos psicopedagógicos e análises da cultura midiática, examinamos como essa repetição sistemática gerou efeitos colaterais graves: passividade automatizada, bloqueio do instinto de defesa, culpabilidade pós-traumática e a instalação de uma verdadeira doutrina social da submissão.Através da noção de cordeirização coletiva, este estudo propõe um novo paradigma: a Autodefesa Consciente, baseada na reação lúcida, proporcional, ética e técnica, restaurando ao cidadão o direito de decidir quando sua vida está em risco. Não se trata de estimular a violência, mas de resgatar a capacidade de escolher com consciência — mesmo sob ameaça.