O USO DE JOGOS COMO RECURSO DE TECNOLOGIA ASSISTIVA NO ENSINO DA NUMERACIA POR PROFESSORES QUE ATUAM NO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

Abstract

Entre avanços e retrocessos, muito tem sido discutido na literatura e repercutido nas políticas públicas acerca da Educação Inclusiva. No Brasil, podemos destacar o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, em 2007, como um importante marco na direção da inclusão escolar. Essas salas constituem espaços específicos, materiais e recursos para efetivar a realização do Atendimento Educacional Especializado (AEE) por profissional habilitado para este fim. O censo escolar (Brasil, 2022) mostra um crescente número de matrículas de estudantes público-alvo da Educação Especial nas escolas regulares. Nesse contexto, o professor de AEE é de fundamental importância, pois é responsável por identificar a necessidade, organizar e elaborar estratégias e serviços que garantam a inclusão escolar. Dados do Centers for Disease Control and Prevention (EUA, 2023) apontam que, atualmente, uma a cada trinta e seis crianças de oito anos de idade tem o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa proporção se reflete nas escolas, que recebem cada vez mais crianças com TEA e que devem assegurar o direito do aluno ao acesso a uma Educação Inclusiva de qualidade e a Tecnologia Assistiva (TA). A TA é uma área do conhecimento constituída por recursos, metodologias, estratégias, práticas, dispositivos, equipamentos e serviços relacionados a sua participação e aprendizagem efetivas. A pessoa com TEA pode apresentar dificuldade em compreender situações e contextos, se comunicar, imaginar, fazer de conta, identificar e representar símbolos. Tais dificuldades podem comprometer diretamente a aprendizagem da numeracia, que é um termo utilizado para descrever a capacidade de compreender informações matemáticas básicas e utilizá-las em situações cotidianas, sendo, portanto, tão importante quanto aprender a ler e a escrever. Considerando a diversidade da presença e da intensidade das características apresentadas pelas pessoas com TEA, os jogos como recurso de Tecnologia Assistiva se apresentam como estratégias para professores que atuam no ensino de estudantes com essa condição. Desta forma, este estudo tem como objetivo analisar o uso de jogos como recurso de Tecnologia Assistiva no ensino de numeracia para estudantes diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista por professores que atuam no Atendimento Educacional Especializado. Para atender a esse objetivo, foi realizada uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, por meio da qual os jogos disponíveis ou utilizados nas salas de recursos multifuncionais foram mapeados e avaliados quanto ao uso como recurso de Tecnologia Assistiva no ensino da numeracia, utilizando um protocolo para avaliação dos jogos. Além disso, foi aplicado um questionário e realizada uma entrevista semiestruturada com os professores do AEE que atuam com estudantes com TEA, com o objetivo de cruzar informações sobre a formação inicial e continuada, a experiência profissional, o entendimento sobre a TA, a numeracia e a prática com o uso de jogos como recurso de TA. Percebeu-se que há uma dificuldade entre os participantes em reconhecer a TA como uma ampla área de conhecimento, ao mesmo tempo, expressaram a necessidade de ter formação continuada sobre as temáticas. Observou-se também a falta de equipamentos tecnológicos nas salas de AEE, o que dificulta o uso de jogos digitais. Apesar disso, há jogos físicos disponíveis e jogos digitais de acesso gratuito com possibilidade de uso como recurso de TA no ensino da numeracia para estudantes com TEA nas salas de AEE. Espera-se com este estudo contribuir com o ensino da numeracia a estudantes com TEA, bem como para o aprimoramento da formação do professor de AEE no município, incentivando-os na busca por conhecimento e sugerindo formações continuadas sobre as temáticas.