Deficiência, políticas públicas e questões étnico-raciais: tecendo a educação especial na perspectiva inclusiva em uma comunidade quilombola

Abstract

Enxergamos desigualdades no campo das pessoas com deficiência e isso se torna mais evidente quando estamos tratando de pessoas remanescentes de povos quilombolas, uma vez que mesmo diante de leis de inclusão e de recursos financeiros para adequação de barreiras, ainda percebemos um fosso na luta pela inclusão, acessibilidade e valoração da cultura étnicoracial. No campo da educação a grande problemática é o olhar do professor com este aluno que além de buscar caminhos de acesso a aprendizagem precisa nortear pensamentos de sua ancestralidade. Dito isto, nenhuma mudança poderá acontecer se o professor não reconstruir sua forma de ensinar estabelecendo planos de ensino que permitam seus alunos evoluírem. Assim, nosso objetivo principal é analisar as políticas de educação especial na perspectiva inclusiva, direcionadas aos alunos com deficiência intelectual em uma escola quilombola. Frente a este objetivo desejamos promover um debate em alavancar reflexões de que a inclusão não seja realizada apenas de forma integradora, portanto, nossa pesquisa estabeleceu como necessário cinco capítulos, divididos entre, entender a trajetória da diáspora africana e de onde vem a força e resistência da cultura negra até os percursos sofridos pelas pessoas com deficiência e afro-brasileiras para chegar as conquistas adquiridas em forma de leis que promovessem direitos que minimizassem estigmas em nossa sociedade. Utilizamos uma pesquisa de cunho qualitativo e como instrumento metodológico, utilizamos entrevista semiestruturada, levantamento bibliográfico e análise documental. O cenário da pesquisa foi uma escola quilombola. Participaram da presente pesquisa cinco professores e três alunos com deficiência intelectual. Os resultados indicaram que a ausência de responsabilidade do poder público em realizar capacitações na temática abordada, a carência de planejamento estratégico em conjunto com as esferas escolares e a falta de diálogos antirracistas, são fatores que não colaboram com a emancipação dos estudantes, portanto, concluímos que a promoção de iniciativas voltadas ao público alvo da pesquisa são insuficientes e faz-se necessário mais coparticipação e recursos aos profissionais envolvidos, além de parcerias em setores que colaborem com a independência e valorização sócio-histórica dos alunos.