Pesquisas e Conhecimento em Psicologia: uma interface de temáticas

Abstract

Imbuído da responsabilidade de realizar o prefácio desta ótima produção literária, me desafiei há unir minhas pesquisas acadêmicas, minha experiência profissional e as mudanças sociais de forma a agregar no conteúdo com neutralidade. Uma das poucas alegrias da vida numa época de ansiedade é o fato de sermos forçados a tomar consciência de nós mesmos. Quando a sociedade contemporânea, nesta fase de reversão de padrões e valores, não consegue dar-nos uma nítida visão “do que somos e do que devemos ser, nas palavras de Sartre, vemo-nos lançados à busca de nós mesmos. A dolorosa insegurança que nos rodeia torna-se um incentivo a indagar: será que nos passou despercebido algum importante manancial de força e orientação? Constato que, de modo geral, este incentivo não é considerado uma benção. Prefere-se indagar: como é possível alcançar a integração interior numa sociedade tão desintegrada? Ou então: como empreender a longa evolução para a auto-realização numa época em que quase nada é certo, nem no presente, nem no futuro? As buscas tornam-se superficiais, virtualizada, onde o virtual torna-se o real, o real é desprezado por ser desprazeroso. Pessoas muito preocupadas tem ponderado tais questões. A psicologia não possui respostas mágicas, eu com vinte e cinco anos de experiência não tenho receitas para meus pacientes. A nova luz que a psicologia profunda lança sobre os motivos ocultos dos nossos pensamentos, sentimentos e ações será de grande ajuda, sem dúvida alguma, na busca do próprio eu. Mas existe algo além dos conhecimentos técnicos e compreensão pessoal que anima os autores a aventurar-se até aonde os anjos temem pisar e apresentar suas idéias e experiências sobre as difíceis questões que encontraremos neste livro. A Psicologia trata-se da ciência que o psicoterapeuta constrói no contato com pessoas que lutam para resolver seus problemas. Ele possui o privilégio extraordinário, embora às vezes penoso, de acompanhar as pessoas em sua luta íntima e profunda para alcançar uma nova integração. E tolo seria o psicoterapeuta que não percebesse o que cega o homem de hoje com respeito a si mesmo, impedindo-o de encontrar valores e metas que possa afirmar. Alfred Adler disse, certa vez, referindo-se à escola para crianças que ele fundara em Viena: “Os alunos ensinam aos mestres”. É o que sempre acontece em psicoterapia. O psicólogo não pode deixar de ficar profundamente grato pelo que aprende diariamente sobre a importância e a dignidade da vida com aqueles a quem chama seus pacientes e amigos. E eu aprendi no pouco que convivi com os Senhores meus amigos de trabalho. Sou também grato aos meus colegas pelo muito que me ensinaram neste sentido; e aos estudantes e corpo docente das várias faculdades que já lecionei em graduação e pós-graduações, por suas ricas e estimulantes reações nos debates que se seguiam às minhas palestras. Esta obra não pretende substituir a psicoterapia. Nem é um manual para autodidatas, apresentando soluções fáceis e imediatas. Mas, num sentido mais digno e mais profundo, todo bom livro é uma obra de aperfeiçoamento pessoal, ajudando o leitor, que ali vê sua imagem e experiência projetadas, a estudar sob nova luz os seus problemas de integração. Nos capítulos a seguir conheceremos não só os novos insights da Ciência Psicologia, sobre os planos ocultos do self, como também os conhecimentos dos que através dos tempos, na literatura, na filosofia e na ética vêm procurando compreender de que modo o homem pode enfrentar com mais vantagens sua insegurança e crises pessoais, atribuindo-lhes fins construtivos. É nosso objetivo demonstrar experiências únicas, que levaram a um crescimento espiritual e profissional, indicar os valores e metas estáveis numa época em que tão pouca coisa é segura. - Ótima leitura a todos. - Robson Luis de Araújo