Cidadania e Ensino de História: a (in)visibilidade do trabalho feminino formal nos Livros Didáticos da Coleção História, Sociedade e Cidadania (PNLD 2008-2020)

Abstract

Esta pesquisa discute a relação entre ensino de História e cidadania das mulheres a partir de sua inserção no mercado de trabalho (trabalho formal) e a luta por direitos trabalhistas, e como essa discussão é apresentada em duas edições da coleção de livros didáticos História, Sociedade e Cidadania, do ensino fundamental anos finais, do autor Alfredo Boulos Júnior (PNLD 2008- 2020). Objetiva-se, assim refletir como as relações de gênero no trabalho são exploradas na coleção. A intenção é evidenciar, por meio da análise de conteúdo, a maneira como as reflexões sobre o trabalho feminino formal estão presentes nas duas edições da coleção de livros didáticos selecionada. Estabelecemos também algumas análises comparativas entre as duas coleções, procurando observar as mudanças e/ou permanências de discussões sobre o trabalho feminino. Para a concretização desse estudo, realizamos uma revisão bibliográfica sobre livro didático: Gasparello (2013); cidadania e direitos humanos: Pinsky & Pinsky (2018), Botelho e Schwarcz (2012), Hunt (2009); gênero: Scott (1995); e história das mulheres: Pinsky & Pedro (2012), Perrot (2017), Rago (2014) e Priore (2004). Posteriormente, refletimos como os/as professores/as de História podem discutir a luta pela cidadania das mulheres em busca de direitos trabalhistas. Para isso, a pesquisa resultou na produção de um caderno de propostas pedagógicas intitulado “Cidadania e trabalho feminino formal no Brasil a partir do século XIX”, sendo destinado aos/as professores/as do 9o ano. O caderno contém metodologias, fontes históricas e atividades sobre o trabalho feminino remunerado no Brasil a partir do século XIX, em que sugerimos a realizações de estudos que possibilitem a compreensão histórica sobre as desigualdades de gênero construídas ao longo do tempo, a partir de vários discursos que limitaram as mulheres aos espaços privados e os homens aos espaços públicos. Mais ainda, que possam favorecer o entendimento de que as mudanças nesse quadro foram historicamente conquistadas por elas. Por meio desse produto educacional, objetivamos dar visibilidade às mulheres na conquista por seus direitos, como forma de superar preconceitos, desigualdades e estereótipos.