Antropofagia à brasiliana: Um estudo de morte e reexistência para decolonizar o ensino de história através da obra de Denilson Baniwa

Abstract

Nesta dissertação discuto o uso de imagens no ensino de História, inspirado pela obra de Denilson Baniwa, artista indígena que através da transgressão desvela a colonialidade presente nas imagens da Brasiliana, acervo de registros a respeito do país, realizados, sobretudo, por artistas europeus entre os séculos XVI e XX. Como objeto de partida, interessam-me as imagens da Brasiliana que foram “devoradas” pela obra de Baniwa à procura de investigar a maneira como essas imagens corroboram/corroboraram com as políticas indigenistas de extermínio e/ou as de integração, e a maneira como a obra visual de Baniwa reinterpreta tais imagens por meio da estética reantropofágica da arte indígena contemporânea. A intenção deste projeto é fazer do lugar de fronteira um meio de enfrentamento à crise paradigmática da (pós)modernidade. Tomo a decolonialidade e a interculturalidade crítica como teorias e prática de uma pedagogia emancipadora para entender a realidade histórica a partir dos saberes construídos nas linhas fronteiriças entre a história hegemônica e as cosmologias subalternizadas. A fronteira, portanto, se torna o terreno fecundo para se pensar um sentido de alteridade que contemple uma educação plural e antirracista. Por essa razão, o projeto contribuiu com incentivo ao ensino de história e cultura indígenas, em respeito à Lei 11.645/2008. Finalmente, o produto consiste na apropriação dos estudantes da estética reantropofágica para, em linha com a decolonialidade, reescrever a história por influência da obra de Baniwa e das cosmologias indígenas. Os trabalhos discentes são apresentados na forma de fanzines. Tal escolha se deve ao caráter contracultural desse tipo de expressão artística, que carrega a mesma perspectiva engajada do movimento artístico indígena. Desse modo, a dissertação cumpre com o propósito de oportunizar o diálogo intercultural entre histórias e culturas, tanto na forma quanto no conteúdo, para o Ensino de História.