ÁFRICAS IMAGINADAS: TRAJETÓRIAS DE MULHERES DA ÁFRICA CENTRAL OCIDENTAL E O ENSINO DE HISTÓRIA NOS ANOS INICIAIS DO FUNDAMENTAL

Abstract

A presente dissertação aborda a temática do Ensino de História da África para os anos iniciais do ensino fundamental, contemplando as trajetórias de mulheres oriundas da região Central Ocidental entre os séculos XVI ao XIX. Nosso objetivo é analisar os processos relativos à articulação de narrativas sobre trajetórias de mulheres da África Central Ocidental em diálogo com a complexa dinâmica de construção das subjetividades e identidades por parte de alunos e alunas do 4º ano do ensino fundamental. Buscamos contemplar as questões sobre como, no âmbito do projeto intitulado “Áfricas imaginadas”, as crianças representaram as mulheres negras oriundas da região Central Ocidental; quais elementos subjetivos foram mobilizados e de que forma esse processo pode contribuir para uma educação intercultural crítica, decolonial e antirracista. Nosso foco diz respeito à prática da representação e do uso da imaginação por parte das crianças no processo de apropriação das trajetórias de mulheres no âmbito do Ensino de História voltado para os anos iniciais. Como aporte teórico, privilegiei autores alinhados às perspectivas decoloniais refletindo sobre as dimensões da colonialidade do poder (Quijano, 2005), do saber (Catro-Gomes, 2005), concedendo especial atenção às dimensões do “ser” (Césaire [1955] 2020; Fanon [1952]2022; Maldonado-Torres, 2007) e do “ver” (Barriendos, 2019). Por pensarmos a partir dos processos relativos ao Ensino de História, nos alinhamos às perspectivas de uma pedagogia crítica e decolonial tal como alentadas por Freire ([1996] 2022; 1997) e por Catherine Walsh (Walsh, 2009) no sentido de não apenas refletir, mas combater a “subalternização ontológica” decorrente das relações de colonialidade. Ainda nesse âmbito, as identidades são pensadas enquanto inscritas em processos de permanente instabilidade e matizados a partir de dinâmicas relacionais (López, 2001; Hall, 2022; Silva; Hall; Woodward, 2014; Silva, 1999). Por lidarmos com crianças, a dimensão da ludicidade e da imaginação também são elementos centrais nesse estudos (Sarmento, 2003; Fortuna, 2011; 2018). Ademais, procuramos argumentar em favor da importância do Ensino de História dos processos relativos ao continente africano por meio dos sabreres de referência, isto é, propriamente históricos, afastando-se de uma abordagem genérica e puramente culturalista. Por isso, a proposição didática procura contemplar, por meio das trajetórias de treze mulheres centro-africanas as especificidades temporais e geográficas