Das redes às rodas em defesa dos modos de produzir, viver e comer nos diferentes biomas do Brasil

Abstract

A campanha Comida é Patrimônio é realizada pelo Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN) desde 2015 e chega na quarta fase em plataforma digital com o tema “Das redes às rodas em defesa dos modos de produzir, viver e comer nos diferentes biomas do Brasil”. A proposta é criar e manter um ciclo contínuo de mobilização e construção de conhecimento compartilhado, partindo das redes sociais digitais para as rodas de conversa locais (remotas neste contexto de pandemia) que, por sua vez, (re)alimentem as redes sociais na Internet (rede-roda-rede). O ponto de partida é o mapa digital que está disponível no endereço: https://comidaepatrimonio.org.br. O mapa digital apresenta os seis biomas brasileiros de forma interativa, onde é possível navegar por 60 imagens, 20 áudios de experiência sonora (música, cordel, receita, fala de agricultor/defensor do território) e 12 textos (Anúncio e Denúncia); um informativo-metodológico chamado de “mapa de navegação” para orientar a navegação pelo mapa. Em 2019, a campanha foi incorporada ao projeto de extensão “Comida é Patrimônio: mobilização, comunicação e educação popular em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional e Agroecologia”. No ambiente digital, a campanha proporciona experiências mais inclusivas. A concepção desta quarta fase pretende potencializar as possibilidades de interação e diálogos que tiveram início em 2018 com o lançamento da terceira fase “Celebremos o Brasil e seus mundos de vida”, que apresenta a sociobiodiversidade nos biomas brasileiros por meio de um mapa físico, um banner de 2m x 2m. A pluralidade de mundos de vida que habitam o Brasil está representada pelas Vozes do Bioma, Mostra Visual e Sonora. Selecionamos as palavras geradoras, que ecoam entre povos originários, comunidades tradicionais da agricultura familiar e camponesa para re(conhecer) essa riqueza em defesa da comida como um patrimônio biocultural. Neste mapa digital, os rios que atravessam biomas representam fronteiras biogeográficas, e não se limitam às fronteiras político-territoriais. A água como fonte de toda a vida e existência faz circular e amplifica as vozes de resistência e as culturas locais. Esta cartografia viva luta contra a opressão do sistema neoliberal, a colonialidade, o patriarcalismo, o racismo estrutural, as desigualdades e as injustiças socioambientais e promove sistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis. Não pretendemos dar conta da representação total da biodiversidade do Brasil, mas sim um recorte de possibilidades de um mundo onde outros mundos se encaixam com seus saberes, falares, fazeres, cantos, danças e sabores. Nossa intenção é provocar interlocutores/as a partir de uma proposta estético-ético-política. Buscamos valorizar aqueles/as que cuidam da nossa casa comum. E, com isso, dar visibilidade ao vínculo entre cultura, biodiversidade e território.