Dispositivo Cadáver: Uma Aventura pelo Corpo Humano

Abstract

O estudo do corpo humano aparece nos currículos do ensino fundamental no oitavo ano. Os livros didáticos tendem a apresentar propostas fragmentadoras, indo do estudo da célula, dos tecidos, até dividir o corpo em órgãos e sistemas. Uma perspectiva que segue uma linearidade e uma sequencialidade, partindo do estudo das “partes” em direção a uma compreensão do todo, numa sucessão hierárquica, orientada do “aparentemente” mais simples ao mais complexo. Nesta experimentação propomos o estudo do “Corpo Humano” a partir de um dispositivo que denominaremos cadáver, criação de um cadáver como um sistema capaz de capturar e provocar, narrativas, histórias, imaginações, dúvidas, incertezas. Um dispositivo que busca desfazer as hierarquias através de um outro modo de estudar e intervir, que busca operar uma relação complexa entre as partes e o todo e, que interagirem tanto no sentido do todo à parte como da parte ao todo. Entende-se, nesta perspectiva, o todo como mais que a soma das partes, na medida em que entendemos que as “relações” não estão nas partes isoladas, ou seja, perdemos as relações (e a compreensão sistêmica) quando fragmentamos Vislumbramos um dispositivo, no sentido adotado pelo filósofo francês Gilles Deleuze, onde operam uma multiplicidade de linhas e fluxos, não apenas os fluxos internos ao sistema (o sangue, o ar, os alimentos, a energia, etc.), mas também os fluxos informacionais, os pensamentos, a imaginação, a linguagem, que opera entre aqueles que buscam compreender, interagir, intervir... e que produzem uma narrativa, um entendimento, uma complexificação.