Germanidade e matemática escolar no sul do Brasil

Registro completo de metadados
MetadadosDescriçãoIdioma
Autor(es): dc.contributorEditora Unionpt_BR
Autor(es): dc.contributor.authorSilva, Circe Mary Silva da-
Data de aceite: dc.date.accessioned2024-10-14T13:57:53Z-
Data de disponibilização: dc.date.available2024-10-14T13:57:53Z-
Data de envio: dc.date.issued2024-10-14-
identificador: dc.identifier.otherGermanidade e Matemáticapt_BR
Fonte: dc.identifier.urihttp://educapes.capes.gov.br/handle/capes/870535-
Resumo: dc.description.abstractDesde a segunda metade do século XX, foram realizados por pesquisadores nacionais e estrangeiros, diversos estudos históricos relacionados ao ensino de matemática em seus processos de instituição, constituição e institucionalização de saberes científicos e escolares. Muitos desses estudos focalizaram as produções e usos de materiais didáticos e métodos para se ensinar matemática em suas bases epistemológicas originadas de matrizes diversas trazidas para o Brasil na forma de tradução cultural, quando da inserção de diversas culturas no território brasileiro, como no caso da cultura de origem alemã. A esse respeito coube a muitos desses estudos buscar respostas para indagações do tipo: quais os tipos de implicações dessas inserções culturais na formação de novos modelos culturais de produção de conhecimento e organização de redes de disseminação desses conhecimentos? Como foram socialmente organizadas na forma de currículos e programas de ensino, fundamentados nos modos de conceber e praticar uma educação apoiada na cultura incorporada na região em que essa diversidade cultural se instalou no país? Sabemos que na busca de respostas para questões como as apresentadas no parágrafo anterior, diversos estudos e pesquisas em história da educação matemática têm apresentado enfoques temáticos centrados nas histórias de vida e formação, no desenvolvimento de métodos de ensino, e na organização de lugares de memória do ensino de matemática, da formação de professores e ação docente. Para a realização desses estudos identificamos que os autores lançam mão de um expressivo e relevante arcabouço documental por meio da exploração de arquivos, imagens e filmografias existentes em centros de documentação, dentre outras fontes de pesquisa histórica em todas as suas dimensões primárias, secundárias e terciárias, sempre em busca de possibilidades que possam ampliar as estratégias de pesquisas em história da educação matemática no Brasil. Além do que foi mencionado anteriormente, outros processos de investigação dos temas focalizados nas pesquisas, como por exemplo a história das disciplinas e das instituições escolares, aspectos que têm sido auxiliados por diversos pesquisadores na busca de respostas acerca do processo de constituição de uma história plural da educação matemática. Tal movimento historiográfico vem se constituindo como fator de fortalecimento do campo de produção de conhecimento acerca das histórias do ensino e da formação de professores de matemática. Igualmente, é importante considerar que a compreensão desse processo de geração, armazenamento e validação de informações sobre esse assunto se constitui em um objeto de observação, reflexão e análise para se pensar essa história como um eixo dinamizador da realidade social. A respeito dos três termos - observação, reflexão e análise, mencionados no final do parágrafo anterior, interpreto como um corpo único de ação na produção historiográfica que, de acordo com Peter Burke (2012) constitui-se em um processo analítico de escrita da história a fim de converter a informação relativamente crua em conhecimento efetivo (cozido), posto que a análise, quando se opõe à descrição, supõe a explicação. É esse o tipo de historiografia elaborada por Circe Mary Silva da Silva neste livro, na forma de uma escrita reflexiva e fortemente recheada de interpretações pautadas na descrição explicada e fundamentada. Portanto, essa é uma modalidade de exploração da diversidade de objetos de estudos que tem se tornado um agente de provocação da renovação de processos de escrita da história da educação matemática em seu sentido mais amplo, com vistas a evidenciar processos estruturantes de interconexão que envolvem legislações gerais e específicas sobre ensino e educação, programas de ensino, manuais pedagógicos, ambientes e formatos escolares e modalidades didáticas, como pontos de convergências e complementaridades de explicação dos processos de interpretação dos espaços e das temporalidades, das experiências, das formas de ensino e de aprendizagem, do conhecer e do saber-fazer matemáticas em todas as suas dimensões social, cognitiva, cultural, pedagógica e profissional (Mendes, 2022). Se tomarmos os princípios explicitados na epistemologia de Ludwik Fleck (2010), o livro Germanidade e matemática escolar no sul do Brasil nos apresenta um cenário que se refere a um movimento caracterizado pela descrição explicada dos modos como são constituídos os coletivos de pensamento germânico forjados na tradução cultural estabelecida no sul do Brasil entre os séculos XIX e XX, o que denota a demarcação dos estilos de pensamento institucionalizados a partir das relações intracoletivas e intercoletivas estabelecidas ao longo do desenvolvimento dos processos educacionais, individuais e coletivos, em suas relações com os objetos de ensino e de pesquisas, e na interação com a sociedade local e a comunidade escolar. A respeito dos conceitos de estilo e coletivo de pensamento, neste livro as narrativas historiográficas elaboradas pela autora refletem as ideias de Ludwik Fleck (2010) acerca da constituição e institucionalização dos saberes a ensinar e para ensinar, propostas por Rita Hofstetter e Bernard Schneuwly (2017), na forma de interconexão que envolve as germanidades manifestadas na tradução e tradição cultural, estabelecidas no sul do Brasil e os modos de fazer e efetivar as matemáticas escolares narradas ao longo dos capítulos deste livro. Este livro de Circe Mary Silva da Silva discorre sobre temas relacionados às transferências culturais operacionalizadas pelos movimentos de (re)territorialização da cultura de origem alemã no sul do Brasil entre os séculos XIX e XX. Trata-se não somente de transferências culturais, mas também de apropriações de saberes e reconfigurações socioculturais na forma de saberes a ensinar e para ensinar. Nesse processo, a autora apresenta os perfis dos principais personagens que constituem a trama histórica em forma de cenário educacional no espaço-tempo em que ocorreu essa tradução e reconfiguração dos saberes escolares, por meio dos quais os personagens destacados contribuíram, com suas iniciativas e intenso trabalho, na construção de uma cultura escolar com traços de germanidades associadas aos novos tempos na nova territorialização cultural em terras brasileiras. É nessa dinâmica sociocultural histórica que os capítulos do livro explicitam como ocorreram as transferências de saberes do contexto suíço para o novo cenário de germanidades em um espaço brasileiro, onde por exemplo, surge a criação e desenvolvimento da Escola Normal Evangélica, no século XIX, as lideranças destacadas no Seminário Alemão de Formação de Professores, momento em que a autora compôs um cenário historiográfico apoiado em fontes primárias (jornais educativos em língua alemã, relatórios de diretores, fotografias, programas de ensino, decretos governamentais), dentre outros que mostram como as sementes da cultura germânica germinaram no solo brasileiro por meio de uma instituição sui generis: uma escola alemã em terras brasileiras. É nesse enfoque sobre a matemática escolar construída por um grupo de personagens (germânicos ou descendentes), destacados no livro, que a autora fez emergir de suas pesquisas um conjunto de textos interconectados para compor seu cenário historiográfico fundado nas fontes consultadas tais como cadernos de ex-alunos de diversas escolas locais, manuais escolares e outros livros de matemática de autores nacionais, os quais foram cotejados pela autora para evidenciar saberes matemáticos presentes nos currículos das escolas e na formação de professores sob a égide dos saberes a ensinar e saberes para ensinar, conforme asseveram Hofstetter e Schneuwly (2017). É com esse espírito que a autora nos apresenta o solo e as sementes das Escolas Alemãs no Rio Grande do Sul, enfatizados como uma herança cultural traduzida na forma de uma cultura brasileira que foi se constituindo ao longo da virada dos séculos XIX e XX, nas formas de disciplinas escolares praticadas na formação de professores e nos saberes matemáticos escolares incorporados aos currículos e programas de ensino, refletidos nos manuais escolares elaborados a partir da tradição cultural escolar alemã disseminada no sul do Brasil, e que agora é oferecida ao público leitor brasileiro, para que inicie ou amplie sua compreensão acerca de um fenômeno sociocultural que a história nos oferece por meio deste trabalho original e cuidadoso. Desejo a todas as pessoas um leitura enriquecedora e formativa. - Iran Abreu Mendespt_BR
Tamanho: dc.format.extent6990pt_BR
Tipo de arquivo: dc.format.mimetypepdfpt_BR
Idioma: dc.language.isopt_BRpt_BR
Direitos: dc.rightsAttribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Brazil*
Licença: dc.rights.urihttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/*
Palavras-chave: dc.subjectMatemáticapt_BR
Palavras-chave: dc.subjectGermanidadept_BR
Palavras-chave: dc.subjectMatemática – Estudo e ensinopt_BR
Título: dc.titleGermanidade e matemática escolar no sul do Brasilpt_BR
Tipo de arquivo: dc.typelivro digitalpt_BR
Curso: dc.subject.courseGrupo MultiAtual Educacionalpt_BR
Aparece nas coleções:Livros digitais


Este item está licenciado sob uma Licença Creative Commons Creative Commons