Tirando os Sapatos: Laboratório de Escrita (Auto)biográfica

Abstract

Este laboratório é um dos resultados de uma pesquisa realizada, entre os anos de 2022 e 2024, no Mestrado Profissional em Ensino e suas Tecnologias, do Instituto Federal Fluminense, em Campos dos Goytacazes, RJ. A pesquisa, inserida na linha “Formação Docente”, foi desenvolvida junto a licenciandos do Curso de Teatro, da própria instituição, compreendendo que a formação destes profissionais deve contemplar processos formativos, autoformativos e de formação de formadores, considerando sua possibilidade de atuação tanto em contextos escolares, quanto não-escolares. Formativos à medida que a/o docente deve ser capaz de reconhecer o amplo repertório teatral produzido ao longo do tempo em diferentes culturas. Autoformativos, porque, além deste repertório, dito oficial, a/o docente deve reconhecer também em sua própria história de vida, as diversas manifestações cênicas que contribuíram para sua formação, assumindo uma postura crítica sobre o fazer/ensinar Teatro.Por fim, a capacidade de formar formadores amplia o olhar deste docente em formação para o Teatro como linguagem. Por esta razão, interessou-nos investigar abordagens metodológicas que fossem capazes de articular essas três dimensões formativas, fazendo emergir narrativas mais críticas e emancipatórias, por meio do Teatro. Nessa busca, primeiramente, nos encontramos com o Método (Auto)biográfico que defende a validação dos saberes adquiridos ao longo da vida, por meio de diferentes percursos formativos. Saberes, comumente, acessados por meio de narrativas (auto)biográficas, em processos de biografização. Todavia, parafraseando Conceição Evaristo, se lembrar já é tarefa árdua, imagina escrever? Afinal, a palavra - ainda que imbuída de poesia e libertação - carrega consigo traços de opressão. E assim, ao mesmo tempo que liberta também cala, por diferentes razões. Então, como dizer/escrever o que ainda não tem nome? Como ouvir o que está no silêncio? Como “desoprimir” vozes silenciadas por realidades sociais que só escutam os discursos hegemônicos? Como imprimir a estes saberes a importância que lhes é devida? Indo ao encontro dessas questões, identificamos no repertório do Teatro do Oprimido (T.O.), especialmente no Método Arco-Íris do Desejo, uma possibilidade real de articulação com o Método (Auto)biográfico, na produção de narrativas mais críticas e emancipatórias, fruto de processos capazes de romper com uma cultura do silêncio que emudece, especialmente, os mais vulneráveis. Diante de tal potencialidade, a possibilidade de uso da metodologia proposta em contextos socioassistenciais se deu de forma natural, dando origem ao material que agora encontra-se em suas mãos - muito embora este também possa ser de grande valia em outros contextos. Então, tire os sapatos e entre no jogo!