DROGAS NA ESCOLA: compreensões acerca da temática no ensino de Sociologia e na abordagem escolar

Abstract

No presente trabalho investiguei as concepções sobre as temáticas drogas no contexto do ensino de Sociologia no Ensino Médio, para isso os dados foram construídos em interlocução com uma professora de Sociologia da educação básica e a partir da análise do Conteúdo Básico Comum de Sociologia do Estado de Minas Gerais e do livro didático de Sociologia, destinado Ensino Médio, selecionado através do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), utilizado na escola que a professora referida leciona no estado de Minas Gerais. Assim a pesquisa é orientada pelo objetivo geral de compreender como a temática drogas é vivenciada na disciplina de Sociologia na Educação Básica e no contexto escolar de uma escola estadual de Minas Gerais. Especificamente, objetivo: (1) identificar como a categoria droga é mobilizada no livro didático de Sociologia e no Conteúdo Básico Comum de Sociologia do Estado de Minas Gerais; (2) Caracterizar como a temática das drogas é elaborada na prática pedagógica da professora de Sociologia; (3) Analisar como a temática das drogas aparece no contexto escolar vivenciado. Não raro, o cotidiano escolar é afetado por uma incomunicabilidade entre as pessoas que o compõem, alongando o desconhecimento sobre os espaços culturais e simbólicos que os jovens vivenciam (CARRANO, 2008) e quando se deparam com questões relacionadas às drogas acabam por incorrer em violação dos direitos do estudante a educação formal. Para contribuir na compreensão sobre quem potencialmente é o público usuário dessa política pública que é a escola, no período do Ensino Médio, aponto discussões sobre as juventudes. Compreendo aqui juventudes como categoria social a partir das discussões teóricas de Luís Antonio Groppo (2000), Juarez Dayrell (2007), Paulo Carrano (2008) e Wivian Weller (2014). Na ampliação do horizonte no olhar para os fenômenos das drogas, recorro principalmente às discussões a Erving Goffman ([1963] 2008) e a Howard S. Becker ([1963] 2008) e nas elaborações sobre os livros didáticos, principalmente a Flavio Sarandy (2004) e Simone Meucci (2014). A metodologia é de caráter qualitativo (GOLDENBERG, 2004), foi realizada entrevista episódica (FLICK, 2002) com a interlocutora e leitura de construção dos conteúdos semânticos (BERTAUX, 2010) do livro didático e do Conteúdo Básico Comum – CBC. A análise das categorias elencadas foi compreensiva na perspectiva apresentada pelo sociólogo Daniel Bertaux (2010). Desse modo, buscar compreender essas temáticas no âmbito do ensino de Sociologia foi profícuo, foi identificado que a escola aborda a questões das drogas compactuando com narrativas proibicionistas e moralizantes, mobilizando figura religiosa como especialista. A prática pedagógica da professora de Sociologia difere da posição proibicionista da maioria dos outros profissionais de educação, elabora assim como fenômeno social possível de ser esmiuçado associada a diversas outras categorias ou objetos estudados pelas ciências sociais. O livro didático Sociologia em Movimento aborda a temática brevemente, associada ao estudo de movimentos sociais, especificamente a partir da questão da legalização da maconha.