A BRINCADEIRA É DE QUEM QUISER: Acervo de propostas não-sexistas para a primeira infância

Abstract

A criança, hodiernamente, é reconhecida como sujeito de desejos, um ser inteiro, pensante, crítico, reflexivo, político e ativo na sociedade. Porém, nem sempre ela foi concebida dessa forma e, por algum tempo, foi considerada um adulto em miniatura. Logo, para compreender o estatuto da infância, é preciso considerar os diferentes tipos de vivência de ser criança nos mais variados contextos sociais, políticos e econômicos. Fato é que a infância acontece de formas diversas para as crianças, são histórias diferenciadas em cada experiência, são infâncias no plural. Falar em infância, por sua vez, remete-nos ao brincar que, em diferentes tempos e culturas, é inerente ao ser humano. Para as crianças, a brincadeira se constitui ferramenta de produção de cultura, representação simbólica, interação, elaboração de questionamentos. Pensando nisso, este material traz o brincar como possibilidade de diálogo entre as crianças sobre os estereótipos de gêneros impostos por nossa sociedade patriarcal a fim de promover reflexão e questionamentos em prol da promoção de uma sociedade mais igualitária. Este acervo convida à reflexão sobre práticas pedagógicas que reforçam o sexismo nos espaços educacionais infantis, de modo que estas possam ser ressignificadas e transmutadas em práticas que desconstruam os estereótipos já existentes, permitindo a compreensão das crianças de que é possível ocuparem os diversos espaços, inclusive nas Ciências, independente de gênero, cor, etnia ou classe social. Este material se faz com o objetivo de ser uma ferramenta política de transformação da sociedade, por meio de práticas pedagógicas diferenciadas, reforçando a importância da sensibilidade e desenvolvimento à escuta ativa das narrativas infantis, posto que brincar e narrar o vivido pode se constituir como caminho para a promoção de equidade social.