“PRA NÃO PASSAR EM BRANCO”: Permanência e desistência de estudantes com deficiência no Instituto Federal de Sergipe - campus Estância

Abstract

O presente estudo, desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT), se propôs a compreender os sentidos da permanência e a importância da escola e da educação profissional e tecnológica (EPT) para os estudantes com deficiência do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS), campus Estância. Propôs como objetivos específicos: identificar as prováveis causas da desistência, investigar como as práticas de ensino contribuem para a permanência/desistência dos estudantes; identificar as relações interpessoais que contribuem para a permanência/desistência; e produzir um filme documentário com os sujeitos da pesquisa com o intuito de fomentar reflexões sobre a trajetória desses estudantes e dar visibilidade à temática. Nessa direção, visando trazer uma contextualização do objeto, o referencial teórico apresenta um panorama das produções acadêmicas acerca da temática permanência e desistência de estudantes com deficiência; bem como apresenta aspectos históricos da deficiência: a trajetória até a inclusão; a educação inclusiva no contexto da educação profissional e tecnológica; Educação inclusiva no IFS e a questão da permanência escolar e, por fim, discute a relação entre permanência e sentidos. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, constituindo-se como um estudo de caso, cuja análise se ancora no materialismo histórico dialético. Além disso, utilizou-se da pesquisa empírica, de pesquisas bibliográfica e documental para a viabilidade desta investigação. O universo da pesquisa compreende os estudantes com deficiência egressos (formados e desistentes) e os que estavam em curso no campus Estância, no recorte temporal de 2017 a 2023, além dos docentes que atuaram com esse público. A amostra foi constituída de 13 estudantes e 29 docentes. Para a coleta de dados, foram utilizadas duas estratégias: questionário composto por questões abertas e fechadas para aplicação aos docentes e entrevista semiestruturada para os estudantes com deficiência. Os resultados apontaram que a permanência desses estudantes está ligada, principalmente, ao engajamento acadêmico (que diz respeito ao aprendizado) e às relações interpessoais que promovem a sensação de pertencimento. Nesse sentido, a prática docente pode ser aliada do aprendizado quando há relações de acolhimento, reconhecimento e respeito à diferença, crença na capacidade, respeito ao ritmo e estilo de aprendizado, uso de metodologias acessíveis e valorização das potencialidades desses estudantes. Os sentidos atribuídos à aprendizagem, por outro lado, também denunciam atitudes discriminatórias, capacitistas, práticas da lógica neoliberal de exclusão e descarte daqueles considerados como improdutivos e incapazes. Os sentidos atribuídos às relações interpessoais ganharam centralidade nos depoimentos dos estudantes, evidenciando que as relações de reconhecimento, respeito, valorização, estímulo, crença da capacidade e colaboração mútua com colegas e professores tem importância preponderante na motivação desses estudantes e no desejo de permanência. O contrário também é determinante na decisão de abandono, quando o estudante vivencia relações de intensa exclusão, discriminação, descrença em sua capacidade e desrespeito à sua condição.