Discurso, mídia e cotidiano

Abstract

Discurso, mídia e cotidiano é o título deste livro. Título que reúne três conceitos complexos que implicam sentidos igualmente complexos. Se formos pensar no que significa a palavra discurso, por exemplo, veremos que não sabemos explicar facilmente (talvez, de modo algum, a não ser indicar caminhos e perspectivas de análise). Primeiramente, não estamos falando do discurso epidítico, aquele que se pronuncia a partir de uma tribuna para enaltecer ou criticar alguém, algo ou situação – aliás, uma prática comum no campo da política. Referimo-nos a discurso como produção de sentido, como aquilo que se instaura no uso da língua, no dizer saussureano, como parole. Em um exercício de livre interpretação, podemos pensar na linguagem ou, talvez, melhor, “nas linguagens”: faladas, escritas, imagéticas ou gestuais. Aquilo que para alguém se materializa como processo enunciativo – alguém (enunciador) que diz (enuncia) algo (enunciado), situado no espaço (aqui) e no tempo (agora). Que em última instância, pode ser pensado como uma situação de comunicação, um universo de referência/concorrência, e configurado em um dispositivo de enunciação: eu → tu ↔ eu - aqui/agora (Verón, 1983). Importante observar que o lugar é, ao mesmo tempo o espaço físico, geográfico, quanto social, que diz respeito ao lugar que cada interlocutor ocupa na cena enunciativa, conforme Magalhães (2003:45), como instituído na prática social: profissional, familiar etc. Foucault (2016: 75) fala de contexto situacional e de fala, citando Foucault (1972: 97-98). Enfim, discurso como prática social de linguagem, que produz sentidos acerca das coisas e das relações intersubjetivas, no trabalho linguageiro de representar e agir sobre o mundo.