ETNOPESQUISA-FORMAÇÃO SOBRE PANC COM UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA: ESTRATÉGIA EDUCATIVO-PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Abstract

As Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) se apresentam como uma estratégia nutricional na alimentação humana, pois são ricas em nutrientes, respeitam a segurança alimentar e nutricional, a biodiversidade e a cultura, além de serem acessíveis. Os principais detentores e preservadores dos saberes sobre as PANC são as comunidades tradicionais e os povos do campo. Considerando a importância da articulação dos saberes ancestrais com o conhecimento técnico-científico para a formação humana integral, esta pesquisa teve como questão: Como uma etnopesquisa-formação sobre PANC, realizada por estudantes do ensino médio integrado com uma comunidade quilombola, pode contribuir para uma formação humana integral e intercultural na educação profissional? Portanto, o objetivo geral foi analisar as contribuições de uma etnopesquisa-formação sobre PANC para uma formação humana integral e intercultural na educação profissional, vivenciada por 12 discentes do ensino médio integrado do IFBAIANO, campus Catu, com a comunidade quilombola Dandá, no município de Simões Filho, Bahia. Os objetivos específicos foram: i) Realizar oficinas formativas com estudantes sobre PANC e etnopesquisa; ii) Identificar os conhecimentos prévios e adquiridos dos estudantes sobre as PANC no movimento de etnopesquisa e as potencialidades e possibilidades de a vivência contribuir para o diálogo intercultural de saberes na educação profissional; iii) Identificar no movimento de etnopesquisa, por meio da visita à comunidade quilombola e diálogos com os mestres de saberes, as espécies de PANC presentes na comunidade e os saberes e fazeres relacionados aos seus usos alimentares e gastronômicos; e iv) Construir materiais educativos em formato digital com os dados coletados sobre PANC e formação intercultural na EPT. A metodologia utilizada foi a etnopesquisa crítica do tipo descritiva, a qual foi construída pelas etapas: convite aos sujeitos participantes, entrevista de avaliação dos conhecimentos prévios, oficina formativa, vivência no quilombo, entrevista de avaliação dos conhecimentos após a vivência e transcrição das entrevistas; de modo participativo e fincado no interesse dos participantes. Foram utilizados diversos instrumentos (entrevistas individuais semiestruturadas, reuniões virtuais em grupo e oficinas formativas acerca das temáticas PANC e Alimentação saudável, visita guiada e roda de diálogo). Para análise de dados, utilizou-se a técnica de análise temática de conteúdo. Os resultados obtidos indicaram que metade dos discentes tinham conhecimento sobre as PANC. As oficinas formativas e a vivência com a comunidade quilombola demonstraram ser uma estratégia pedagógica apropriada para apreensão dialógico-problematizadora da temática do estudo. Os sujeitos, além de apreenderem os conhecimentos, conseguiram associar os conteúdos do estudo com disciplinas cursadas, refletiram sobre a relevância do tema e propuseram novas atividades pedagógicas relacionadas à temática do estudo. Como produtos educacionais, foram produzidos o material didático orientador intitulado: “Oficina Formativa: Aprendendo sobre memórias e saberes das PANC”; e o material didático com as plantas ancestrais encontradas no Quilombo Dandá intitulado: “Plantas alimentícias ancestrais: a cozinha do Quilombo Dandá”.