ALGUÉM PRECISA SABER: NARRATIVAS DE MENINAS(OS) EM CONFLITO COM A LEI PARA O ENSINO DA SOCIOLOGIA

Abstract

Esta dissertação refere-se a pesquisa realizada no âmbito do Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Sociologia – PROFSOCIO da Fundação Joaquim Nabuco – FUNDAJ com o tema “Alguém precisa saber: narrativas de meninas/os em conflito com a lei para o ensino da sociologia”. Pensar a prática pedagógica da disciplina sociologia a partir das narrativas pessoais dos/as estudantes sugere compreender o/a jovem a partir dos seus próprios marcadores, nos permitindo a aproximação de suas dinâmicas de vida e do seu cotidiano. Neste sentido, tomei por objetivo compreender o relato de vida e a autobiografia de 06 (seis) adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa no Centro de Atendimento socioeducativo misto Santa Luzia em meio fechado e o espaço dado às autobiografias de jovens e adolescentes em corpos precarizados e a importância dessas narrativas para o ensino da sociologia no ensino médio. No sentido de qualificar a escuta, define-se a matriz da reflexão que é sociológica, dando consistência ao método biográfico a ser utilizado nesta pesquisa, tendo como escopo traçar as possibilidades do ensino da sociologia a partir das narrativas e memórias destas estudantes, mobilizadas a partir das perspectivas teórico-metodológicas da pesquisa narrativa, sendo elas o autorretrato e entrevistas não estruturadas, problematizadas individual e coletivamente. Outra questão a ser levada em consideração é de que não cabe ao campo desta pesquisa tomar como unidade o indivíduo em sua concepção pessoal, mas de compor um conjunto de histórias que, ao serem narradas, possam compor um sistema de ideias, valores, símbolos, reconhecidos como marcadores da juventude, até porque partimos do pressuposto de que as trajetórias narradas pelas estudantes se somam a de milhares outras jovens dentro ou fora desse sistema (socioeducativo). A análise apresenta a sua importância uma vez do papel central que o pensamento sociológico realiza: a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais. Em se tratando do grupo de estudantes observado, o contato com adolescentes em conflito com a lei, diariamente, traz à tona seus corpos precarizados que apontam tragédias sociais que não podem ser desconsideradas do ensino da sociologia em especial no que concerne ao campo das Ciências Sociais. Nesse sentido, este trabalho aponta como resultado as possibilidades de uso das narrativas autorreferenciais nas aulas de sociologia, a partir da aproximação com a fundamentação epistemológica das ciências sociais, resultando em um instrumento pedagógico que visa promover a desnaturalização de concepções e estigmas que ampliam as desigualdades sociais e as disparidades encontradas nas trajetórias escolares de alunas intramuros.