Mulheres: direitos, história e política

Abstract

Num ano de eleições é preciso lembrar a célebre frase de Simone de Beauvoir “Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida”. Desde os primórdios ter a capacidade biológica de dar a vida, a atividade intuitiva, cuidadora, conectada com a natureza pelos ciclos lunares da vida-morte-vida (ciclo menstrual) permeada pelo olhar para o coletivo e não somente para o próprio umbigo, com a certeza da necessidade de uma aldeia para cuidar das vidas postas no mundo foi objeto de adoração e retaliação. Deusas, sacerdotisas, matriarcas com poderes extraordinários existentes no cotidiano do cuidado com a família, com o próximo, mas também preocupadas com a comunidade, com as decisões coletivas, com o todo eram exaltadas e respeitadas. Para outros, se detinham conhecimentos da natureza, por ser intrínseco a sua própria natureza a observação, eram bruxas. Apropriadas ao conhecimento da linguagem, seja ela escrita ou corporal, a sensibilidade para as artes e porque não para a política; bruxas. Ao imporem suas vontades ou apenas serem assertivas em suas opiniões; loucas, histéricas. A luta sempre foi constante. Muitas tiveram que se esconder sob pseudônimos masculinos para que fossem ouvidas e lidas em obras científicas, literárias, comandassem tropas; outras tantas foram silenciadas, e algumas foram queimadas, não somente na guerra as bruxas, mas também numa fábrica têxtil em Nova Iorque, em 08 de março de 1857 quando lutavam por redução da jornada de trabalho e melhores salários. Data que anos mais tarde a ONU declarou com Dia Internacional da Mulher. Conquistas, à passos lentos, que devem ser comemoradas e re-comemoradas a cada momento. A vigilância há de ser constante. Por isso a necessidade de evidenciar cada mulher conquistadora, seja ela na História, Direito, Artes, Física, Matemática, Química, Computação, ganhadora de prêmio Nobel ou não, elas precisam ser conhecidas pelos seus feitos. Feitos diários, como a mãe solo, casada ou solteira que acorda cedo para dar o sustento da família preocupada com a educação dos filhos; as cuidadoras que deixaram suas profissões para cuidar dos seus pais ou outros idosos da família; a mãe full time que resolver pausar a carreira para cuidar dos seus, a mulher que não deseja ter filhos, pois entende que seu papel na sociedade é de construção, a mulher operária, empreendedora, ambulante, celetista, trabalhadora, mulher trans, não binária, bissexual...corpos políticos que se movem em nosso tecido social. Todas, sem exceção, diariamente produzem feitos históricos e políticos seja porque denunciam uma violência doméstica, porque não aceitam o assédio moral e sexual no trabalho, seja pelo seu posicionamento sobre determinado assunto, porque dizem “não” e tem sua vontade respeitada, seja por auxiliar na dor do próximo, por ser o apoio da amiga que precisa do colo. Atitudes simples que fortalecem o conjunto pois quando uma conquista, todas conquistam. É nessa consciência coletiva da importância da mulher que esta coletânea foi concebida. Nela serão encontrados textos que buscam explicitar os saberes femininos, seus direitos e sua violações.

ISBN: 978-65-5388-060-3 DOI: doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-060-3