De sobreviventes a empreendedoras : como a criatividade e resistência negras traçaram uma "rota de fuga" à realidade de miséria e abandono do pós-abolição e inspiraram a transformação da "capital da informalidade" na cidade com o maior número de empresárias negras da América-Latina

Abstract

Desde os primórdios da exploração da mão-de-obra negra nas Américas, pelo colonizador europeu, as mulheres têm exercido um papel decisivo na resistência às mais variadas violações - e mantiveram constante o seu protagonismo na luta por melhores condições de vida, também no pós-abolição. É neste difícil contexto que identificamos, de maneira decisiva, o avanço do trabalho informal nas grandes cidades brasileiras, que se outrora era desenvolvido em caráter eventual ou por um pequeno grupo de negros libertos e “escravos de ganho”, passaria, no final do século XIX, a se tornar o meio de vida do enorme contingente de homens e mulheres desempregados do país. A profusão deste fenômeno, a atuação das mulheres negras neste segmento e a repercussão de suas práticas na economia de Salvador, cidade mais negra das Américas e considerada a “capital da informalidade”, é, portanto, o objeto central da presente obra, que tencionará promover uma análise sucinta, porém crítica, da convergência destes fatores e influência das ações de outrora no desenvolvimento do Empreendedorismo Feminino Negro no presente.